as calçadas da cidade preservam-se. sim. embora muitos cidadãos, contaminados pela "automovelcracia" (conforme o poeta Galeano, o das "janelas", na sumida revista Atenção! ) queiram extingui-las, elas estão aí. testemunhas de caminhos e descaminhos, cúmplices de infindáveis trottoirs , de inocentes caminhadas, de podres cusparadas e ânsias, a calçada permanece como último reduto dos pedestres. mesmo que as administrações tratem de diminuir-lhe a amplitude, instalando lixeiras desproporcionais ou árvores ou canteiros ou buracos intermináveis; mesmo que os comerciante insistam em ocupar-lhes com paineis, balaios, propagandistas, grades; mesmo que os carros (e são mais de 100 mil só em caxias!) se atravessem, pelas mãos de motoristas débeis, elas ali estão. símbolos do ir-e-vir, representações da poética urbana, do trânsito livre das emoções, da carnavalização das atitudes beneméritas. os mais variados tipos ocupam as calçadas: engravatados, paraplégicos vendendo ras...