A ACADEMIA CAXIENSE DE LETRAS (ACL) foi
oficialmente fundada em 1º de junho de 1962 e, hoje, com 57 anos de atividades,
abriga 40 cadeiras ocupadas por escritores e incentivadores da cultura local e
da região da Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul (Caxias do Sul,
Farroupilha, Bento Gonçalves, Garibaldi, Nova Prata e Flores da Cunha). Ela
existe sem fins lucrativos e sem fonte própria de recursos além da contribuição
dos integrantes; antes mesmo da abertura oficial, reuniões já eram realizadas e
o lema já havia sido escolhido, por unanimidade: “Cultura, Facho Inextinguível”
(SALVADOR, HOFFMANN, 1991). O primeiro presidente da instituição foi o escritor
Cyro de Lavra Pinto (1900-1980), que teve como vice
Joaquim Pedro Lisboa (1887-1974). Foi nas dependências do
Salão Pérola, na rua Sinimbu, 1635, de João Spadari Adami (1897-1972), que se
deu a fundação da ACL. Entre os nomes lembrados e perpetuados naquele final de
tarde, figuram os de Olmiro de Azevedo, Demétrio Niederauer, Ary Zatti Oliva,
Heráclito Limeira e Oswaldo de Assis, que se tornariam os primeiros membros
honorários da ACL. O patrono nº 1 é o jornalista e escritor José Bernardino dos
Santos (1848-1892), autor de Flores de
Maio (poemas) e A doida (romance
regional), e o dono da cadeira nº 40 é Percy Vargas de Abreu e Lima (1905-1973),
escolhidos em reunião no dia 12 de julho de 1989. Além de Cyro, Lisboa e Adami,
encontramos Emyr Facchin (1923-1984), Mário Gardelin (1928-2019), Nelly
Veronese Mascia (1920-1992), Zulmiro Lino Lermen (1917-1997) e Nestor José
Gollo (1927-2009) entre os fundadores.
Depois
do Salão Pérola, os encontros acadêmicos ocorreram na Biblioteca Pública
Municipal, nas dependências do Hotel Real (na esquina da rua Pinheiro Machado
com a rua Marquês do Herval) e da sede central do Recreio da Juventude. Durante
anos, a entidade se reuniu nas casas dos participantes e em espaços cedidos por
instituições. Ainda assim, lembra Hoffmann, os primeiros anos, e até a década
de 1980, foram a “fase dourada” da Academia. O presidente deste período era
Emyr Facchin, autor de, entre outros, Aldeia
Colonial. Entre 1977 e 1979, houve um período de indefinição, com a quase interrupção
das atividades. A retomada teve impulso com a criação de um novo estatuto e o
convite dirigido aos professores da Universidade de Caxias do Sul (UCS) para
integrarem a associação – segundo Hoffmann e Mascia, a adesão foi pequena
(1991). Ao mesmo tempo, o período em que se resgatou a memória dos patronos e
antigos participantes, reunidos na Coleção da Academia Caxiense de Letras,
editada entre 1980 e 1981, com supervisão do professor Gardelin. A publicação
ocorreu em 1984, ano da morte do presidente Facchin, patrono da Feira do Livro
em 1986 (pela primeira vez um autor falecido era reconhecido como patrono, o
que provocou alterações nos critérios de escolha da organização; era, também, a
primeira vez em que a Feira contava com a figura do patrono). Também em 1984 a
ACL ganhou um logotipo, concebido pela acadêmica Nelly Veronese Mascia quando
presidia a entidade (1984-1988). Ele representa uma estrela de cinco pontas,
circundada pelo lema da Academia e a data de fundação, que estampa a bandeira
da agremiação e o material de escritório. Ainda nos anos 80 foram publicadas
quatro antologias (1988, 1980, 1990 e 1991), sob a coordenação do escritor
Marcondes Tavares, resultantes do Concurso Caxiense de Poetas. A historiadora
Loraine Slomp Giron, madrinha da 13ª Feira do Livro de Caxias do Sul (1997),
mas que não pertence à ACL, lembra que “A literatura de Caxias é quase tão
antiga quanto sua história, em quase século e meio de história há muito que
lembrar”1. Por isso, também, a inserção dos acadêmicos foi
significativa no cenário lítero-jornalístico caxiense e regional, que logrou
homenagens na primeira Feira do Livro da cidade (1975), que em sua primeira
fase era coordenada pelo livreiro Idalino Zorzi,
então
representante da Livraria Sulina (VÁRIOS, 2006). Com o ingresso da escritora
Maria Helena Zamboni Balen (1938-2014), em 1997, que presidiu a instituição no
biênio 2000-2001 e foi madrinha da 25ª Feira do Livro (2009), a ACL desenvolveu
um projeto de leitura junto à Penitenciária Industrial de Caxias do Sul, com
oficinas ministradas para os detentos. Em 13 de junho de 2002, a Academia foi
homenageada pela Câmara de Vereadores de Caxias do Sul pela passagem dos 40
anos de atividades literárias, quando foi publicado o livro Academia Caxiense de Letras – 40 anos de
história, de Luiz Damo. Foi também neste período que a ACL ganhou a
virtualidade tecnológica e passou a circular nas redes sociais com acesso pela
página www.academiacaxiensedeletras.hpg.ig.com.br, criação da acadêmica Lia
Rosa Reuse. Em 2015, quando o presidente era o escritor Leandro Angonese (autor
de Inquietudes e Ella, entre outros), circulou
o primeiro número da Dante, revista da Academia, com artigos, ensaios,
entrevistas e resenhas literárias, coordenada pelo então vice-presidente
Valdecir de Oliveira; em 2018, a Academia completou 56 anos transferiu a sede
da ACL para um espaço no campus da Universidade de Caxias do Sul (UCS) – até então,
as atividades eram desenvolvidas no Centro de Cultura Ordovás. A atual
presidente é Elisabete Scholz (foto), que assumiu o lugar de Alice Cristina Velho
Brandão (1947-2017), titular da cadeira 14 da ACL, que também presidia a União
Brasileira de Trovadores (UBS), seção Caxias do Sul, poeta aldravanista autora
de O mistério da pedra encantada
(2016), entre outros. (A partir de BERTUSSI, ZINANI, SANTOS, 2006; DAMO, 2002; HOFFMANN, MASCIA, 1991; VÁRIOS, 2006;
revista Dante, nº 1, 2015; http://falamemoria.blogspot.com.br/2015/10/1)
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