DEMETRIOS
GALVÃO nasceu em Teresina (PI) no dia 26 de dezembro. É poeta,
autor de Reabitar (2019), O avesso da lâmpada (2017), Bifurcações (2014), Insólito (2011), Fractais
Semióticos (2005) e Cavalo de Tróia
(2001), e do objeto poético Capsular
(2015).
Tem poemas publicados nas antologias Massanova Literatura (2007), Poematologia
– os melhores novos poetas do Brasil (2012) e em revistas e portais.
Participou do CD q.s.p. – quantidade suficiente para, em 2010, e gravou o CD Um pandemônio léxico no Arquipélago
Parabólico em 2005.
Professor, com mestrado em História do Brasil (UFPI), é editor da revista Acrobata e o blog Janelas em Rotação, e colabora com o site LiteraturaBR; já editou a revista AO-Revista (2011-2012) e o blog Poesia Tarja Preta (2010-2012), e participou do coletivo poético Academia Onírica.
* *
*
a mensagem do santo
é
noite de chamar o santo
para
se proteger do fim do mundo
o
santo mensageiro atende o chamado e
vem
falar da leveza do avesso
da
temperatura do desequilíbrio alegre
da
seiva que fortifica a vida
como
substância alimentar do espírito
o
santo veio mostrar os caminhos para
os
litorais nativos
o
interior virgem de olhares estrangeiros
para
as ervas que alimentam
na
imensidão da floresta festiva
o
santo bate tambor e dança
lança
enigmas e pinta o rosto
toma
cachaça e embola a língua
revela
o futuro em conchas do velho mar
revolve
lembranças tribais
o
santo vai embora depois da festa
e
fica o mistério da vidência
a
esperança de que o mundo não acabará.
* *
*
tudo
chega de um mundo antiqüíssimo
ao som de
frank zappa
eu vi uma
legião de jesuítas
silenciar
florestas espontâneas
com sua
pedagogia assassina.
eu vi
caravanas de novos e velhos mestiços
aprisionarem
peixes, lagartos e aves mensageiras
para
legislar um código de honra obscuro.
eu vi um
velho mar engolir desaforos
e
guardá-los em envelopes de calcário
no fundo
de sua paciência líquida.
eu vi
homem e máquina
fundirem-se
numa utopia selvagem
na
cavalgada de sirenes.
eu vi a
miséria da casa grande
radiografada
em etiquetas de luxo
nos
bazares e camelôs da cidade baixa.
eu vi um
avião cair
e do alto
da montanha
nascer um
mito cinematográfico.
eu vi uma
mãe e um santo
disciplinar
um jovem dilúvio
quando em
festa, alagou corações desabrigados.
eu vi
begônias dizerem “eu te amo”
para um
quilombo submerso
em
erotismo tropical.
Comentários
Postar um comentário