O poeta DELALVES
COSTA (Anderson Alves Costa) nasceu no dia 13 de dezembro de 1981, em
Osório (RS). O primeiro livro, de 2005, é COISAS
que faltam em mim; o mais recente, Midiaserável,
é de 2020. Entre eles, mais seis de poesia (Josseu
Solta-inventos e as invenções do infantiletrando e O menino dos cataventos na rua dos passatempos voltados para o
público infantil e juvenil) e um na área pedagógica, Pedagogia da Prática, de 2015, resultado da pesquisa para o
mestrado.
Faz parte do catálogo do site artistasgauchos.com.br, é
membro sócio-fundador da Academia dos Escritores do Litoral Norte (AELN/RS) e
sócio da Associação Gaúcha de Escritores (AGES). Seus poemas podem ser
encontrados em diversas coletâneas e plataformas literárias, digitais e
impressas.
Foi Patrono da 21ª e 34ª Feira do Livro de Osório (2005 e
2019), e homenageado na edição de número 33 (2018). Mestre em Educação pela
Uergs, atua como professor, pesquisador (com publicações de artigos em revistas
científicas) e palestrante.
* *
*
O EFÊMERO
Já não leem o que escrevo
no agora, julgam-me apenas
pela inconstância do relevo.
Morrem a metáfora e o olfato
nos olhares que agonizam
sobre a semântica do ato...
Efêmero, alguém no outro lado
teme pela vida que logo
cairá no mundo da língua vazia.
Aqui: o amor erógeno. E lá
(entre carros e sombras)
está o caos sem fantasia;
vultos, inexistentes em si
entreolhamo-nos. Às Ruas,
nós estaremos apressados
pela interminável respiração
que se alonga já sem fôlego
para os olhos que morrem
ao ver o mundo sem poesia.
* *
*
o
cobertor-jornal
E de
quebranto, o céu da minha boca
conheceu
a Noite. A criança
levada
de rua, pelos cabelos
arrastada
posta aos olhos do caos.
Sempre
que nos sepultam
neste
mundo vaidoso, condolente,
um
súbito mau-olhado desalinha-
se
os gritos a infância toda
pede
socorro a quem cerra os dentes.
Quer-se
fôlego? Suplica-se!
Lua,
estrelas de férias no bocejo
não
iluminam o cobertor-jornal
sobre
o feto já sem útero.
Nessas
horas ninguém vê nada:
até
vento atravessa a rua
para
não acordar a pátria
entre
as notícias que já não sonham.
* * *
O Efêmero coadjuvante
I
É segunda-feira no rosto
pálido
ao vestir Domingo.
Acorda-se…
não há trilho ou asfalto
não há vagões, vagas
ou simi(lares) ao filho
dos eletromiseráveis
– que ora brindam néctar
ora são joelhos à Ilha
das Flores.
II
No inquieto domingo das
coisas
é verde-amarela a
borboleta.
Ao se livrar do casulo,
ruas e aven[idas à
reinvenção
do p(ovo adormecido)].
Fez-se eufo(ria o tempo
todo)!
Pelo mapa sem pátria
a nação sem memó(ria de
si),
o dia logo que se cala!
III
Foi-se o Domingo,
segunda-fe(ira no
rosto).
Acorda-se. Acordamos.
No domingo das coisas
a borboleta é larva.
E assim, tão presa
e efê(mero coadjuvante)
à língua dos predadores
está o ovo, qual pródigo
jardim sem época.
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