discurso

Em primeiro lugar, é uma honra e um prazer estar aqui, neste momento, desfrutando integralmente desta experiência única, que é a vida, acompanhado de jovens que, mais do que promessas, representam um alento para a sociedade.
Quando fui aceito para fazer parte do insigne quadro de professores do CETEC, em 2002, não fazia a mínima ideia da dimensão desta atividade; embora venha de uma família de professores.
Sou jornalista por opção humanística mas, hoje, reconheço que sou professor por motivos que se sustentam no coração.
Chega um momento na vida do indivíduo que é preciso deixar de lado os conceitos e viver de afetos; com o passar dos anos na instituição, também com o ensino na graduação, percebi que me aproximo cada vez mais desta condição.
Sem, é claro, negligenciar o intelecto; mas é imprescindível valorizar a humanidade, a sociabilidade, a fraternidade.
Meus queridos afilhados!
Este momento é ímpar em nossas vidas; e me incluo nele pois tive o privilégio de compartilhar um ano letivo com vocês e outro ano pelos corredores.
Eu, impregnado pelo saber literário, muitas vezes absorto em devaneios poéticos, procurando fazê-los compreender temais universais que grandes poetas e romancistas trouxeram à baila ao longo dos séculos recentes, aprendi, e muito, com vocês.
Foram vocês que me provocaram, foram vocês que me fizeram crer, que muito além da Rede Globo, há um potencial espírito de renovação pairando no ar.
Não só acredito em vocês; sinto que em cada um de vocês pulsa um desejo de transformar o mundo em que vivemos, mesmo que profetas apocalípticos queiram me desmentir, mesmo que a mídia apresente estatísticas que balancem a minha crença na fraterna convivência, ainda que, na intensidade de suas juventudes seus sonhos não se assemelhem aos meus.
Faz parte – gerações se sucederam e hão de continuar a se suceder.
Vocês, com tudo o que há de bom à disposição, com as iniciativas e as particularidades que fazem vocês serem quem são, vocês têm não só o futuro mas o presente para deixar o mundo menos higienizado, menos preconceituoso, menos careta.
Vocês têm condições de fazer deste planeta um lugar aprazível, equilibrado, belo; mesmo que as potências bélicas e econômicas demonstrem o contrário.
Ambicionem, pessoal!
Queiram ser felizes que todos ao redor serão felizes.
Primem pela inteligência, que todos ficarão mais inteligentes.
Optem pela fraternidade e o mundo será bem melhor do que é.
Acima de tudo, sejam honestos consigo mesmo; janelas irão se abrir para infinitas paisagens.
Em segundo lugar, brevemente, acreditem.
Acreditem na tecnologia, mas não se deixem levar pelo aparato e pelo deslumbramento; usem-na a favor da humanidade.
Acreditem na essência do homem – é ela que nos mantêm vivos e que pode significar a real transfiguração deste modelo individualista e maquiavélico que hoje nos é imposto pelos modos de produção liberais.
Acreditem em vocês, antes de mais nada, antes de tudo – centupliquem seu ânimo, multipliquem seus sorrisos, potencializem sua energia para uma nova realidade.
Para finalizar, quero deixar claro que não sou profeta, quando muito um poeta; um poetinha.
Mas não deixo de vislumbrar novos cenários a cada ano em que convivo com pessoas como vocês.
Idealizo um novo mundo, utópico que sou, em que valores sejam firmados em cima da confiança, da entrega, da responsabilidade entre um e outro.
Como disse antes, talvez seja a hora de abrirmos mão dos conceitos e vivermos mais de afetos.
Para finalizar de vez, cito o filósofo francês Edgar Morin, do alto de seus mais de 70 anos: “A esperança é possível.”
Obrigado pela atenção; fiquem bem, sejam felizes.


(Discurso proferido em 9 de dezembro de 2011, na formatura da turma Alfa3 do CETEC, da qual fui o paraninfo e da qual muito me orgulho. No Teatro da UCS)

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