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Mostrando postagens de outubro, 2011

tio da casquinha

Em Um olhar sobre a cidade e outros olhares , de 1996, afirmo: “nesses bares / os lares q nunca tive”. O professor Jayme Paviani, referindo-se aos versos, encontrou a razão: “[...] uma certa ternura consigo mesmo. [...]”. Velho conhecido Pelas ruas da cidade, um personagem construiu outro personagem. As histórias se confundem, mas não há nada de invenção; ele é real. O mundo estava nos estertores da Segunda Guerra Mundial em 1947 e Ruy da Silva Peres começava a circular pelas ruas de Caxias do Sul. A vender “casquinhas”, uma fórmula culinária que, desde aquele ano (ou desde 1946, ele não sabe precisar) permanece intocada e envolta em mistério. O mundo mudou, ele interagiu com o mundo ao redor. Lá se vai mais de meio século, e o encanto continua. Talvez pela fórmula ultra-secreta dos quatro cones de massa doce acondicionados em sacos plásticos, depositados em um latão verde, já descascado e muito rodado; muito mais provavelmente pela simpatia e bom-humor do “Tio da Casquinha”, co

s/ título

ao som de yamandu costa, no japão. hoje olhei minhas mãos e pensei: a morte me aguarda. aí relaxei.

s/ títulos (algumas)

manequins me olham ausentes estanques como alguns q aqui habitam * * * o q fazer com tantas opiniões se tudo na vida tem os seus senões? * * * INTERNÉTICA tantos olhares e as paisagens a mim me bastam tuas msg * * * te amo desde o princípio na beira do precipício. * * * queria estar contigo queria convesar contigo queria viver contigo por ora, contra minha vontade, sou teu amigo. e resta a cidade                           como abrigo * * * não te ligo. me desligo de minha ânsia. não te esqueço um minuto sequer. mas, saiba, tudo isso requer - em alguma instância - doses de paciência e ainda não sei se sou capaz. * * * me sinto solto como as nuvens sob o ceu azul increu acredito nas possibilidades sob os veus.

aí vai!

cada um por si e todos pelas possibilidades as ruas da cidade escancaram o estar aí * * * todos os dias os rituais. seria melhor fazer parte dos iguais? * * * amor não prescinde de dor. mas, tu? * * * eu penso mas inexisto o q tinha a dizer era apenas um xiste. * * * atitude complacente com a vida. amar amar amar gozar com as virtudes do bem-viver e com a paciência da espera esperançosa diante da possibilidade de a quimera, um dia, em realidade se revelar. * * * chuva na primavera longa espera pelo sol pelo teu sorriso q transforma as horas corroídas em um arrebol. * * * por trás deste rosto impassível há um ser sensível acredite. v q passa na rua às vezes nem acredita na lua! * * * fico feliz em saber de ti. quando nos calamos os espaços se evidenciam. e aí é aquela história... a mesma de sempre. e não é isso o q queremos. ou sim?

da série: irresponsabilidades são dos outros

"63,7 milhões de reais é o prejuízo causado aos cofres públicos pelo 1,4 milhão de alunos q se inscreveram no ENEM mas não compareceram." (fonte: ZH, 25.10.2011)

nova quinta

e tu se insere no meu pensar. e eu fico sem saber o q fazer. tento acomodar minha vida e minhas vontades em outros braços e lá vem tu, com teu olhar, teu sorriso, tua graça, a me perturbar. não basta dizer venha, não basta eu querer. tu é musa do século 19 - inatingível, inalcançável, incorpórea. quisera eu desfrutrar do teu corpo, dos teus beijos, do teu sorriso, do teu olhar todos os dias. mas estamos assim - eu aqui, tu lá. sombranceando um sentimento ímpar.

quarta-feira

imagens não faltam. cenários: um gato de pelúcia com pés de chumbo caminhando sobre o peito. uma corda no pescoço feito gargantilha. a travessia em uma pinguela sem saber se ela vai resistir. angústia. o clímax de tantas preocupações mundanas e cósmicas q não se explicam/justificam pela vibe da sincronicidade. mulheres lindas sob o olhar desejos de todos pelo coração pela mente pelo pênis. hemorragia de desejos não satisfeitos. alcançar a mente a alma o sensível o suscetível q possa alavancar uma mudança no rumo das coisas postas. portas q se fecham janelas q se abrem. 'a esperança é possível' mas, impassíveis, assistimos o q fazer o q querer o q saber o q dever.

de um outro tempo

a janela está aberta e por ela entram vozes, ruídos e o cricar musical dos grilos; por ela saem fumaça de cigarros e abstrações. de cor cinza e vidros sujos, a janela é um elo com o lá-fora; o céu estampado nos seus retângulos parece uma pintura, diria impressionista; a janela é o elo com o cá-dentro; a luz tênue da rua alcança os chinelos de quem está sentado próximo a ela, juntamente com o ar modorrento da noite primaveril. a janela, indiferente, enquadra os seres q, por sob ela, passam atarefados; cobre a sua indiscrição a cortina, q, no seu canto, impede a passagem da luz e abriga insetos voadores nas suas dobras; como o calor é forte e denso, embora noite, ela é mantida afastada para q a brisa noturna entre na sala. fico pensando na impraticidade de uma sala sem janela; e percebo q a janela, alta ou baixa, estreita ou larga, com vidros ou sem vidros, é um instrumento/plataforma bastante de fantasia: por certo, por esta q vejo aqui, sonhos já flutuaram, discos voadores já invadi

midiático

as ovelhinhas no céu anunciam para os telhados um sonoro rá-tá-plam. as ovelhas chomskianas não chovem nem molham. - só esperam sentadas. * * * NO XIS jantar em família e a novela no ar. não há como concentrar.

s/ título

nos versos de 'um olhar' o amanhecer se pronuncia com a suavidade de baker e a timidez solar

pós-feriado

SÍNCOPE leio o q escrevo releio o q tu me responde. em algum lugar chegaremos. resta saber: onde? * * * SENSAÇÕES o vento desfolha a primavera. era bela; já era? * * * flores nas cavidades dos parelepípedos cheiram melhor q as descargas, criam, com a cidade, assim, uns lances íntimos.

e daí?

saio pela cidade em busca do enternecimento. a qualquer momento a dura realidade. * * * deuses cochicam em meus ouvidos. para muitos, sou mouco; para tantos,                 não passo de um louco. * * * cruzo com mendigos e industriais encontro operários e artesãos aos céus lanço minhas mãos e recolho, satisfeito, meus ais. * * * ÃO as tardes são cheias de paixão as noites me dão a ermidão. * * * a mim não interessa a raça a mim não preocupa a pressa quero apenas a preguiça me importo é com a graça * * * abro-me para o pensamento cósmico, abrangente, depositado em todo ente. se é o q há, é no q me alento. * * * percebo, num segundo, q toda a insaciedade, se dá pela variedade q há no mundo. * * * OFÍCIO muitos desconfiam mas não dou margem: as palavras me desafiam. parece bobagem. * * * há dias em q o mundo se aquieta há dias em q tudo me inquieta eu penso tantas coisas num instante eu penso q o universo é bastante e mesm

notícia

80 anos de cristo redentor da miséria q ainda assola o brasil. 80 anos de cristo entre o achaque e a pilhéria sob céu anil. 80 anos de cristo q observa as avenidas cheias de belezas e feridas. 80 anos de cristo q simboliza o gigantismo de braços abertos para o ufanismo.

as bodas bárbaras

o título do comentário é o título do romance de yann queffélec, de 1985, para o qual cabem definições como 'deslumbrante' e 'arrepiante', para começo de conversa. trata-se da história de um menino, ludovic (ludo), q nasceu contra a vontade da mãe e dos avós, já q foi resultado de um estupro - durante a gravidez, a mãe tenta de todas as formas abortá-lo, inclusive chicoteando o ventre! ele passa sua infância inteiramente à margem, escondido pelos avós no sótão da casa, sem ver o 'lado de fora', apenas ouvindo o barulho do oceano. fechado, rodeado de insetos e podridão, desenvolve um amor doentio por nicole, sua mãe - contraposto por um ódio intenso de ambas as partes. até q, certo dia, é enviado para um hospital psiquiátrico, mesmo todos sabendo q ele não é louco, embora queiram acreditar q sim. intenso, dramático e doído, 'as bodas bárbaras' ainda é uma grande surpresa para mim, mesmo antes de chegar ao fim da leitura; deparo-me, em suas páginas, co

tempo

a tarde se encheu de flores de cheiros e suores lá fora o sol repinicava; sobre os lençois a gente brincava. mais adiante depois de horas mastigadas senti tua ausência                              - marcante - nas dobraduras da madrugada.

Em trânsito

Não há caminho longo sobre o selim da bicicleta ou a poltrona de um ônibus. As mãos tornam-se desnecessárias - corpo e metal fluem sobre rodas. Cheiro de asfalto, cheiro de esgoto, cheiro de pão, cheiro de vida. O céu azul sobre o petróleo cinza sob os pneus - olhos de gato sinalizando caminhos, placas chamando a atenção pelo ofuscamento. De bicicleta, para no viaduto e o sol se põe; sem tirar nem por, invariavelmente, insofismável, indiscutível, previsivelmente Belo. De ônibus, a paisagem se transforma em quadros, emoldurados pela janela e móvel, intensamente móvel. * * * Logo cai o pano, na boca do palco, no teatro da vida. A cidade volta para casa para logo mais retornar à rua. Muito brilho, luminárias, esculturas de neón, mulheres marmóreas de Vinicius, pessoas interessantes como pessoas que são. Quantos, daqui a alguns anos, terão eternamente a idade de hoje? * * * João toca violão e os amigos fazem o coro no tradicional bar da esquina. Tradicional para aquela esq

s/ título

madrugada. (sem minha amada) a cama vazia. quem sabe, um dia...

chuva fina

ao som de john mayall há tempo meu peito não chia com a solidão q um dia invadia as tardes de chuva mesmo sendo inverno, ainda q verão. talvez seja pq teus beijos-pluma tenham afastado a bruma e toquem de leve meu coração.

cena

pequena, viu o poema? não, disse ela, olhava pela janela! pois, e então?

então!

na manhã, escondido atrás da primavera sonhei com o verão. e continuo à espera.

um dia

em paz o passado jaz * * * se fosse como tu diz provavelmente seria infeliz * * * meu bem quem é q tem o segredo do bem querer? * * * SOLTEIRICE saí. ninguém em casa. e daí? * * * sem lua a noite fica com pouca graça. mas a praça... ah! * * * putzgrila! eu com pressa e essa fila... * * * LOTAÇÃO ouço o q não gosto me resta apostar na memória. * * * escrevo e me perco no interstício. questão de ofício. * * * CIDADE sinuca. depois o hotel. mais uma noite ao léu.