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Mostrando postagens de abril, 2019
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No dia 30 de abril de 1942, o poeta Mário de Andrade (1893-1945), integrante do núcleo do modernismo brasileiro, proferiu uma conferência na biblioteca do Ministério das Relações Exteriores, no Rio de Janeiro. Ela havia sido lida em janeiro, na Casa do Estudante do Brasil 1 , mas sem a repercussão que ganhou na leitura feita na biblioteca. O jornal O Estado de S.Paulo 2 antecipou o evento: em fevereiro daquele ano publicou o artigo, e o republicou em 2002 no 80º aniversário da Semana de Arte Moderna. O texto foi escrito a pedido do jornalista, editor e escritor Edgard Cavalheiro (1911-1958), autor de Testamento de uma geração (1944), que recolhia depoimentos para marcar os 20 anos da Semana de Arte Moderna, e é considerado uma espécie de “primeira ‘história’ do modernismo”, mas sem “o caráter explicativo e didático” (TELES, 2012, p. 445) visto em Prefácio Interessantíssimo (1921) e A escrava que não é Isaura (1924-1925). O período da conferência corresponde à ditadura de Getúl
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Nascido em Montenegro (RS), em 29 de abril de 1895, OLMIRO PALMEIRO DE AZEVEDO formou-se em 1920 pela Faculdade Livre de Direito, em Porto Alegre; mais tarde, desempenhou o cargo de promotor público em Caxias do Sul, onde se encontrava, pronto para viajar e assumir a Comarca de Vacaria, mas onde permaneceu devido à chuva que fez subir o nível do Rio das Antas . Presidiu a subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Caxias – em sua homenagem foi criada a Comenda Dr. Olmiro Azevedo –, e participou da criação/fundação do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul (1926). Em 1944 tornou-se consultor jurídico do Banco do Brasil, função em que se aposentou em 1963. Quando não estava envolvido em atividades advocatícias e jurídicas, dedicava-se à educação e à poesia. Como professor de Língua Portuguesa atuou “com inegável e constante de dicação ao culto exato do vernáculo”, atesta o então vereador-historiador Mário Gardelin (1928-2019), nas justificativas que constam na Indicaç
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­As diferenças bibliográficas sobre ALAIN VOSS não ofuscam o belo trabalho que ele deixou registrado nas páginas da revista Métal Hurlant ( Heavy Metal ) ou nas lisérgicas capas dos LPs da banda Os Mutantes, Jardim Elétrico (1971) e Mutantes e seus Cometas no país dos Baurets (1972). Todos concordam que o ano de nascimento é 1946, mas há quem diga que ele nasceu no dia 1º de janeiro, enquanto outros datam como 29 de maio o dia em que o franco-alemão veio ao mundo. Com cerca de cinco anos ele veio para o Brasil, onde viveu até 1972; retornou para a França, fugindo da ditadura militar, como tantos. Ainda na década de 1960, começou a trabalhar com quadrinhos e publicou O Loco (Ed. Taika, 1968) e O Careca (1969) – aqui, nova contradição: chegou a ser impressa, mas a União Brasileira de Editoras, responsável pelo lançamento, desistiu e optou por incinerar os oito mil exemplares 1 ; Goida não registra o episódio em sua Enciclopédia dos Quadrinhos (1990, p. 370); Janara Lopes, tam
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Em 11 de junho de 1934, numa nova tira nos jornais estadunidenses apareceu, como num passe de mágica, o personagem Mandrake; dois anos depois, do fundo de uma fictícia floresta da África, surgiu outro mito dos quadrinhos, o Fantasma, o “Espírito que anda”, em traços noir . O roteirista responsável pelas aparições foi LEE FALK , que nasceu em 28 de abril de 1905, em St. Louis, nos Estados Unidos – o autor também foi responsável por antecipar “os heróis com malhas colantes”, como Super-Homem e Batman, lembra Goida (1990, p. 120). Os dois, Mandrake e Fantasma, “são, ao mesmo tempo, continuações e atualizações de ideias antigas, oriundas dos folhetins baratos, mas também renovação de modelos clássicos” (PATATI; BRAGA, 2006, p. 58). Com formação na área de letras, Falk trabalhou como redator publicitário, meio em que encontrou o ilustrador Phil Davis (1906-1964), com quem criou Mandrake e sua icônica cartola – Falk se inspirou numa obra-prima do Renascimento, A Mandrágora , de Nicolau M
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Dono de uma poesia fria e intelectualizada, marcada pelo preciosismo formal. Esta é a definição recorrente de ALBERTO DE OLIVEIRA , líder do movimento parnasiano no Brasil (ombro a ombro com Raimundo Correia e Olavo Bilac), que, alheio às lutas pela Abolição e pela República, pôs-se a descrever vasos gregos e chineses. Porém, atesta Bosi, “a teoria do ‘poeta impassível’ era uma chochice que só a mediocridade da reflexão estética de todo esse período seria capaz de engendrar” (2000, p. 220). É forte a presença da natureza carioca e dos encantos da mulher brasileira em sua poesia. Nascido em 28 de abril de 1857, Antônio Mariano Alberto de Oliveira, o “artífice dos versos”, chegou a cursar Medicina (colega de Bilac), porém formou-se em Farmácia, e, durante anos, exerceu cargos públicos voltados à educação. “O príncipe dos poetas” (sucessor de Bilac, no concurso realizado pela revista Fon-Fon , em 1924), fez sua estreia com o livro Canções Românticas (1878), com poesias ainda ligadas
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Cruzaltense de 28 de abril de 1910, HEITOR SALDANHA ficou conhecido como “o poeta dos mineiros”. A alcunha se deve ao interesse social que o poeta demonstrou pelos trabalhadores das minas de carvão – chegou, inclusive, a trabalhar em uma delas, em São Jerônimo, região metropolitana de Porto Alegre, “na busca da poesia, embora não seja necessário que para se escrever alguma coisa, se participe diretamente dela”, disse em certa ocasião. Na década de 1950, participou do Grupo Quixote, em Porto Alegre, que se reunia na Faculdade de Direito da UFRGS – o grupo, que contava com a presença do vacariense Raymundo Faoro (1925-2003 ) e do porto-alegrense Paulo Hecker Filho (1926-2005), manteve uma revista literária entre 1947 e 1952 e organizou o 1º Festival de Poesia em Porto Alegre nos salões da Reitoria (1958). Ao lado da contista Laura Ferreira, com quem casou, morou no Rio de Janeiro, onde se tornou amigo de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Clarice Lispector (1926-1977) e Ferreira
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formilhas
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O carioca WLADEMIR DIAS PINO nasceu no dia 24 de abril de 1927, mas como seu pai encontrava-se preso por motivos políticos, ele foi registrado em 2 de maio. Dias Pino foi um dos líderes dos movimentos de “vanguarda natural”, que ocorreu no processo evolutivo do modernismo, autor do manifesto “Parada – Opção Tática”, escrito em dezembro de 1972 e publicado na 2ª edição de Processo: linguagem e comunicação , em 1973. Bem antes disso, entretanto, quando a família mudou-se para Cuiabá (MT), onde ele permaneceu até os 24 anos de idade, conheceu o poeta Manoel de Barros – Dias Pino seria um dos responsáveis pelo início da divulgação da obra do poeta matogrossense. O primeiro livro de Dias Pino, Os Corcundas , foi impresso em 1939 aos 12 anos de idade, e reimpresso em 1954, passando a ser considerada a data de publicação original. Nas décadas de 1950 e 1960, a obra foi objeto de análises críticas em jornais e publicações nacionais – o trabalho é tratado como obra adulta e plena, prec
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E mbora o primeiro livro, XIV Alexandrinos (1914) revele um sonetista neoparnasiano, ele foi um dos continuadores da libertação estética proposta pelo modernismo. JORGE DE LIMA nasceu no município alagoano de União em 23 de abril de 1895. Formado em Medicina no Rio de Janeiro, chegou a exercer a profissão em Maceió e na antiga capital brasileira a partir de 1930, num consultório localizado na Cinelândia, onde também funcionava um ateliê de arte e um ponto de encontro de artistas e intelectuais. Foi deputado estadual nos anos que se seguiram à queda da ditadura, professor de Literatura, pintor, fotógrafo, ensaísta, biógrafo, historiador e prosador (em contos, novelas e romances). Como poeta, apresentou ao leitor uma poesia introspectiva, carregada de tons psicológicos, metafísicos e de angústias religiosas imersas num catolicismo sincrético. Mas não há, de acordo com Faustino, “um só de nossos poetas que tanto tenha contribuído para a libertação, enriquecimento e diversificação
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No disco Ninguém , de 1995, Arnaldo Antunes musicou “Budismo Moderno”, poema de AUGUSTO DOS ANJOS , o “poeta de um só livro, Eu ”, obra que ultrapassou as 50 edições graças “ao caráter original, paradoxal, até mesmo chocante, da sua linguagem, tecida de vocábulos esdrúxulos e animada de uma virulência pessimista sem igual em nossas letras”, sentencia Bosi (2000, p. 287-288), embora Junqueira (1993, p. 307) observe “indeléveis marcas da dicção” do poeta em Denise Emmer ( A equação da noite , 1986) e note-se na canção “Saia de Mim”, dos Titãs (de 1991, ainda com Antunes) o emprego de termos “’baixos’ e antipoéticos” (CEREJA; MAGALHÃES, 2000). Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu na Paraíba em 20 de abril de 1884 e, atacado pela pneumonia, faleceu em Minas Gerais, em 12 de novembro de 1914. Desde cedo, já era “de magreza esquálida, - faces reentrantes, olhos fundos, olheiras violáceas e testa descalvada” (SOARES in BOSI, 1966) Foi fundo na experiência existencial: su
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MANUEL BANDEIRA tinha 31 anos quando publicou, às próprias custas, os 200 exemplares do primeiro livro, A cinza das horas , em 1917 (pelas oficinas do Jornal do Commercio ), poemas com tendências simbolista e pós-simbolista (quer dizer: melancolia e sofrimento), reflexo de sua estada na Suíça em 1912, quando lá esteve para tratar da tuberculose que desde 1904 o afetara (e onde desfrutou da companhia do poeta Paul Éluard), tendências literárias que também serão observadas em Carnaval (1919), este, bancado pelo pai. Os dois livros foram saudados com entusiasmo por Monteiro Lobato (1882-1948), sendo que o segundo teve ampla aceitação dos modernistas – embora não tenha participado diretamente da Semana de Arte Moderna em 1922, teve o poema “Os Sapos” lido por Ronald de Carvalho no Teatro Municipal, o que ligou o nome do poeta “de forma indissolúvel ao movimento vanguardista” (MIGUEL, 1988, p, 68), além de provocar vaias e gritos da plateia. De Cinzas... até os últimos livros ed
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Existe um divisor de águas no trabalho do ilustrador e colorista DAVE GIBBONS, nascido em 14 de abril de 1949 – e ele atende pelo nome de Watchmen . Conceituado como “notável” desenhista, Gibbons criou The Secret Service , escrita por Mark Miller, com a colaboração do cineasta Mathew Vaugh, em 2012, que foi adaptada para o cinema em 2015. Outro trabalho de Gibbons é Para o homem que tem tudo... , ao lado de Alan Moore, considerada uma das melhores narrativas do Superman (EUA, 1985; Brasil, 2018), o personagem criado por Joe Shuster e Jerry Siegel em 1933. Nela, o vilão Mogul insere no peito de Kar-El uma rosa alienígena, que o deixa em estado catatônico e o faz sonhar com a vida que ele queria ter – cria-se, então, uma realidade paralela na história do super-herói. Ao mesmo tempo, roteirizou e desenhou The Originals para a Vertigo (selo da DC Comics, criado em 1993), uma série em preto e branco que transpõe a vida dos mods (adolescentes classe média londrinos, ouvintes do jazz
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É reconhecido como “o primeiro romancista de massas” da literatura brasileira, de acordo com Carlos Faraco (2000, p. 17). Nasce em São Luís do Maranhão em 14 de abril de 1857, mas é no Rio de Janeiro, a capital intelectual do país na época, para onde embarca definitivamente depois da morte do pai em setembro de 1881, “decidido a ganhar a vida como escritor”, que será aclamado pelos leitores – embora encontre reticências entre os críticos. Trata-se de ALUÍSIO AZEVEDO, nome artístico de Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, irmão do jornalista, poeta, contista e teatrólogo Arthur Azevedo (autor da peça A Capital Federal , de 1897), que produziu intermitentemente romances, contos, operetas e peças teatrais (com o irmão e com Emílio Rouède), transitando entre o realismo e os folhetins românticos (BOSI, 2000), “pastelões melodramáticos de ‘pura inspiração industrial’”, no dizer do crítico José Verissímo. Não sem razão, afinal, as “obras menores, sem inovações”, eram dignas apenas para
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Recentemente, a história e a poesia da quase esquecida VIVITA CARTIER, poeta sensível que a tuberculose levou em idade prematura, foi resgatada com a publicação da portentosa biografia O ocaso da colombina – A breve e poética vida de Vivita Cartier , do jornalista Marcos Kirst (foto abaixo). Nascida em 12 de abril de 1893, em Porto Alegre, mudou-se para Criúva, distrito de Caxias do Sul (era neta de Rodolfo Félix Laner , um dos pioneiros da colonização de Caxias , de quem herdou o sobrenome, artisticamente omitido) , quando, aos 13 anos, foi diagnosticada com a doença. “Assim como tantos poetas, escritores, carnavalescos, artistas e intelectuais, ela também padeceria da moléstia afamada, o ‘mal do século’, a ‘doença dos artistas’, a ‘maldição dos boêmios’”, escreve Kirst. Aos 16, ela compunha marchinhas para o Carnaval e integrou o grupo carnavalesco Os Venezianos, em Porto Alegre. Mas, morreu jovem, em 1919, sem desfrutar o reconhecimento da qualidade de seus versos, que se
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Nascido Gaetano passou a ser chamado Tanino, TANINO LIBERATORE, o criador das aventuras de Rank Xerox, uma espécie de Frankenstein pós-moderno, ao lado do roteirista e editor Stefano Tamburini, que cometeu o suicídio em 1986. Italiano, de 12 de abril de 1953, Liberatore estudou na Academia de Artes de Pescara, onde conheceu a quadrinista Andrea Pazienza (1956-1988), que no Brasil teve sua “Storia de Astarte”, o cão de guerra do general cartaginês Anibal publicada na “Animal”. Os três fundaram a revista “Cannibale” (1977-1979) – onde surgiu Rank Xerox, ainda em preto e branco – e, com o fechamento desta, Pazienza e Liberatore colaboraram com Tamburini nas viagens criativas de “Frigidaire” (1980); o personagem ganhou novo nome, Ranxerox, devido a uma reclamatória de uma empresa inglesa (joint venture formada em 1956 entre Xerox  Corporation, dos Estados Unidos, e a  Rank Organization ,  do Reino Unido, para fabricar e comercializar equipamentos Xerox inicialmente na Europa e, p