leitura

nos últimos dias releio, sempre q posso, camillieri.
a ficção deste italiano equivale a de outro "italiano" (pois nasceu em cuba) q muito me agrada: calvino.
as descrições dos personagens, montalbano e agilulfo... (respectivamente), são encantatórias.
se, por um lado, camillieri descreve-os na rotina de investigações policiais, gastronômicas e afetivas - cotidianas e banais, portanto, coisas q parecem não importar mais -, calvino me transporta para um mundo delírico, com algumas construções q atingem o plexo:
"Livro, chegou a noite, comecei a escrever mais rápido, do rio não chega nada além do roncar distante da cascata, na janela voam mudos os morcegos, ladram alguns cães, ressoam vozes nos depósitos de feno. [...] É na direção da verdade que corremos, a pena e eu, a verdade que espero vir ao meu encontro, do fundo de uma página branca, e que poderei alcançar somente quando a golpes de pena conseguir sepultar todas as preguiças, as insatisfações, o fastio que vim aqui pagar." (o cavaleiro inexistente, 1997).
então.
no universo jornalístico em q convivi conheci colegas e entrevistados q gostavam de calvino e com eles conversava, despreocupadamente, sobre suas obras.
(impossível não vir à mente casimiro de abreu com seu poema-chiclete, o q não tem nada a ver com o momento.)
momento de céu cinzento, 'mente quieta, espinha ereta e o coração tranquilo'.
como todo domingo, tem almoço em família.
e, tal como os personagens de camillieri e calvino, prefiro isolar-me, não na caminhada após as refeições, como montalbano, ou na dupla inexistência inusitada de agilulfo emo bertrandino dos guildiverni e dos altri de corbentraz e sura: mas diante das palavras e do devaneio q a neblina q se pronuncia propicia.
até q o despertador reconecte a realidade, vago nesta dúvida proporcionada pela literatura.
embora não seja diferente de outros momentos, até porque não há como ser diferente...

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