de um outro tempo

a janela está aberta e por ela entram vozes, ruídos e o cricar musical dos grilos; por ela saem fumaça de cigarros e abstrações.
de cor cinza e vidros sujos, a janela é um elo com o lá-fora; o céu estampado nos seus retângulos parece uma pintura, diria impressionista; a janela é o elo com o cá-dentro; a luz tênue da rua alcança os chinelos de quem está sentado próximo a ela, juntamente com o ar modorrento da noite primaveril.
a janela, indiferente, enquadra os seres q, por sob ela, passam atarefados; cobre a sua indiscrição a cortina, q, no seu canto, impede a passagem da luz e abriga insetos voadores nas suas dobras; como o calor é forte e denso, embora noite, ela é mantida afastada para q a brisa noturna entre na sala.
fico pensando na impraticidade de uma sala sem janela; e percebo q a janela, alta ou baixa, estreita ou larga, com vidros ou sem vidros, é um instrumento/plataforma bastante de fantasia: por certo, por esta q vejo aqui, sonhos já flutuaram, discos voadores já invadiram o ambiente, revoluções foram tramadas e amores declarados.
e a janela, ali, impassível, enquadrava e dava perspectivas diferentes, dependendo de quem olhasse estivesse do lado de dentro ou do lado de fora.
a janela é a melhor amiga de quem sonha; e de quem espera, também.

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