NOITE

saio à noite
para curtir minha dor
minha melancolia

meu amor!

não saio
para encontrar alguém
saio para ir além
da minha letargia

passeio
pelas ruas;
encontro esquinas
e encantos
e devaneio
em cada canto

me desvio
do perigo
de ser encontrado
fico na minha
evito a linha
tomo minha cerveja

e, antes q eu perceba,
estou em casa,
não diante da telinha,
mas, da entrelinha

* * *

não entendo o q tu faz comigo!
em um momento,
me sinto acolhido, embalado,
em outro,
parece q fiquei de lado.

* * *

a luz da rua
tem sua magia
de onde estou
ela não me angustia

aliás, me alivia!

* * *

há quem pense
q viro vampiro
quando as luzes
da cidade sombreiam as sombras.

no meu apartamento
a televisão não funciona,
o q aciona
a minha escrita.

indiscreta,
como para todo poeta,
a palavra se estabelece
na tela
e merece atenção.

então,
meu irmão,
tenha um bom sono.

enquanto isso,
faço meu ofício.
não por obrigação,
mas pelo prazer
de dizer ‘não’
quando esperam de mim
um comportamento
de anão de jardim.

* * *

ainda não sei
onde isto vai me levar
mas sei onde quero chegar

* * *

incrível
esta situação!
meus dedos traduzem
o meu coração.

* * *

quero dormir
mas quero escrever
quero sentir
e quero esquecer

o dualismo
é um porre!
se um fica,
o outro corre...

* * *

de onde estou
bruxas sob a lâmpada
ficam iluminadas

e ninguém vê!

* * *

as ruas estão desertas
as arestas
estão expostas
assim é a vida

mas, será mesmo?
esta mesma bosta?

e o amor?
e a companhia?
o companheirismo?
será q teremos q nos conformar?
nos tornarmos indivíduos
e não gente?

temo pela minha sanidade,
na idade em q estou,
talvez tenha q preferir o suicídio.

* * *

sem v ao meu lado
olho a janela
e me vejo refletido
e, refletindo,
meu coração viaja,
babaca, babão,
em direção ao teu coração.

* * *



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