O nova-iorquino DIK BROWNE (Richard Arthur Allan Browne) é o alter ego de ninguém menos que Hägar, o Horrível. “As atitudes de Hägar diante da vida, suas maneiras infantis, seu amor pelo divertimento, seu enorme apetite descontrolado, são tudo Dik Browne e em pessoa”, escreveu Mort Walker (1923-2018) em um álbum com tiras selecionadas de Hägar. Nascido em 11 de agosto de 1918, em Nova York, Browne inicialmente trabalhou no cartunismo jornalístico e na ilustração – começou a trabalhar como revisor e chegou a trabalhar como repórter no American Journal.
Depois da guerra (quando trabalhou como desenhista de mapas), voltou a trabalhar como ilustrador de reportagens da Newsweek. Só a partir de 1954, quando encontrou Walker – o criador do soldado mais preguiçoso que se tem conhecimento, o Recruta Zero – e, juntos, criaram Hi & Lois (Zezé & Cia., no Brasil), com o que ganharam o Reuben Award, em 1962, e uma sequência de prêmios da National Cartoonists Society (1959, 1960, 1972), é que passou a dedicar-se aos quadrinhos.
A parceria durou até fevereiro de 1973, quando Browne criou o temível viking, “uma série familiar, só que em horizontes mais amplos”, como define Goida (1990, p. 54). A tira foi “um dos mais esmagadores triunfos dos anos 70, conquistando imediatamente jornais do mundo todo e fazendo um dos melhores, senão o melhor humor de nossos quadrinhos atuais”, analisa Moya (1993, p. 190). E que também foi premiada com o Reuben naquele ano.
Hägar é um viking barbudo, relaxado (em vários sentidos) e que gosta de uma cerveja. Vive de saques e pilhagens dos castelos do Velho Mundo, principalmente na Inglaterra, ou em batalhas com adversários do porte de Átila, o Huno, que também é vizinho. E tem uma família: a esposa Helga (que administra a casa) e dois filhos, Hamlet, jovem sensível, leitor de poesia e que sonha em ser médico ou advogado, e Honi, “solteirona” aos 16 anos, que enrola o namorado Lute, o trovador. Com a aceitação da família pelos leitores, novos personagens foram acrescidos, como Eddie Sortudo, o magricela e covarde braço-direito, o médico charlatão que cuida da família, doutor Zook (ou Charlat), o cachorro Snert e a pata Kvack
As histórias de Hägar, narradas de forma satíricas, são anacrônicas, já que o personagem representa um pai de família de classe média típica dos Estados Unidos. “Hägar quer tomar cerveja com os amigos, mas é sempre repreendido por sua esposa matrona, Helga”, explica Túlio Vilela (in BARBOSA, 2005, p. 122). “Ele também não consegue compreender os filhos – Hamlet, que prefere os livros às diversões da maioria dos meninos de sua idade, e Honi, uma jovem que pretende se tornar guerreira e não uma dona de casa, mas que ainda sonha com seu ‘príncipe encantado’”, completa Vilela (in BARBOSA, 2005, p. 122-123).
Em 2016, a Pixel Media publicou O Livro de Ouro do Hägar, o Horrível, uma coletânea de várias tiras publicadas entre 1977 e 1980, “época considerada o auge de Hägar”1. Com pouco mais de 120 páginas, é “um livro perfeito para os aficionados por tirinhas de jornais e para aqueles que [...] adoram rir de coisas leves e descompromissadas”2.
Depois da aposentadoria de Dik Browne, em 1988, o filho, Chris (Christian Browne), continua o trabalho criado pelo pai, o que mantém a tira publicada em mais de 50 países; o outro filho, Chance, por sua vez, deu seguimento à tira Hi & Los, e tem trabalhos publicados em jornais e em revistas como Playboy, Esquire, Heavy Metal e The New Yorker. Dik Browne morreu em 4 de junho de 1989, em Sarasota (Flórida), onde colecionava livros sobre Nova York, jogava pôquer e golfe.


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