O argentino Guillermo Mordillo ficou conhecido como MORDILLO e pelas suas ilustrações humorísticas carregadas de cor e ausência de texto – que o ajudou a transpor barreiras linguísticas –, e que tinham como temáticas o esporte, o romance e os animais. Ele nasceu em 4 de agosto de 1933, em Buenos Aires e se tornou um dos principais nomes das artes gráficas, o mais publicado em todo o mundo nos anos 1970. Diversas revistas no Brasil traziam seus cartuns, que também foram animados e exibidos em programas da TV Globo.
Foi em Paris, onde morou a partir da metade dos anos 60 e onde viveu durante 17 anos, que começou a vender seus cartuns para os veículos de comunicação e conseguiu fama internacional. Por não dominar o francês, optou por “fazer um clima silencioso” – seu primeiro trabalho foi publicado na revista Paris Match em 1966. Depois a revista Lui e, em seguida, a publicação alemã Stern. O desenho silencioso foi a sua principal característica e, quando fugiu à regra, não foi além da onomatopeia1. “Devido a minha pouca habilidade para expressar-me através da palavra, optei por fórmulas essencialmente gráficas”, disse (in GOIDA, 1990, p. 245).
Consta que fez mais de 2 mil desenhos sem palavras, com uma média de 60 por ano. Influenciado por Walt Disney, viveu nos Estados Unidos antes do embarque para a Europa. Trabalhou para os estúdios da Paramount, onde fez animações de Popeye e Luluzinha (Little Lulu).
Seus trabalhos mais conhecidos – com a predominância de seus dois hobbies favoritos, futebol e animais – são Le Gallions (1970), Crazy Cow-Boy (1972), Les Girafes (1974) e Crazy Crazy (1975), enumera Goida (1990, p. 245). Graças a característica de seu trabalho, fez também pôsteres, livros infantis, calendários, jogos e arte publicitária. No Brasil, ficou conhecido pelas animações que passavam nos anos 80, muitas vezes com girafas e elefantes, e teve sua obra reunida em formato álbum, Mordillo – Futebol & Cartuns (Panda Books), em 2015. “O futebol sempre me encantou pela sua imprevisibilidade. No cinema, normalmente você sabe como vai terminar a história, por mais surpresas que tenha a trama. No futebol, é diferente: até o último minuto de jogo, tudo pode acontecer. Isso é sensacional”, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, em 20122.
Fez apenas três exposições: uma em Paris, no final dos anos 60; uma em Barcelona e a última em Palma de Maiorca, Espanha, em 1989, que teve os recursos doados ao tratamento de crianças autistas da ilha, onde vivia desde 1980. Foi presidente da Associação Internacional de Autores de Histórias em Quadrinhos e Desenhos Animados e ganhou os prêmios Phoenix de Humor (1973), o Yellow Kid, na 16ª Feira Internacional de Quadrinhos de Lucca (Itália, 1974), Nakanoki (1977), Cartunista do Ano, do Montreal International Salon de Cartoons (1977) e a Palma de Ouro de San Remo. Na Espanha, recebeu o título de doutor honorário da Universidade de Alcalá de Henares (2002).
Ele morreu aos 85 anos, em Maiorca (Espanha), onde passava longos períodos. Segundo informou-se, Mordillo ainda trabalhava todos os dias; no sábado, dia 30 de junho de 2019, enquanto jantava com a família em um restaurante na estância turística de Palmanova3, sentiu-se indisposto e não resistiu. (A partir de GOIDA, 1990; https://oglobo.globo.com/cultura/morre-ilustrador-argentino-mordillo-icone-mundial-do-humor-grafico-237747191,3; https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2019/07/02/mordillo-um-cartunista-de-humor-silencioso-e-poetico-382214.php2)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog