Nesta quarta-feira, o poeta ROBERTO PIVA completaria 82 anos.
Nascido em 25 de setembro de 1937, foi publicado pela primeira vez em 1961, na Antologia dos Novíssimos. Dois anos
depois, com os poemas do livro Paranoia,
que são acompanhados por fotografias do artista plástico paulista Wesley Duke
Lee (1931-2010), um dos responsáveis pela incorporação dos temas e da linguagem
pop no Brasil, obtém o reconhecimento dos leitores e da crítica – a revista
francesa Action Surréalista o
classifica como “o primeiro livro de poesia delirante publicado no Brasil (https://ims.com.br/2017/06/01/sobre-roberto-piva/).
Piva, que ajudou a formar gerações de leitores e escritores de poesia, morreu
em 2010.
Identificado com São Paulo, embora tenha
detestado-a pelo que ela se tornou, conforme as jornalistas Renata D’Elia e
Camila Hungria, no livro Os dentes da
memória (2011), ele é considerado “uma das vozes mais originais da poesia
paulistana”, ao lado de Claudio Willer (1940), Roberto Bicelli (1943) e Antonio
Fernando de Franceschi (1942) (https://www.itaucultural.org.br/roberto-piva-o-poeta-rebelde-completaria-80-anos-hoje).
Em entrevista para a revista virtual Memorial,
Reynaldo Damazio* perguntou sobre sua poesia e ele respondeu: “Quanto ao
aspecto insólito de eu ser marginal e erudito ao mesmo tempo, isso é só sinal
de preconceito. O problema é que o Ocidente, como mostra Octavio Paz, é
monoteísta. No Oriente, diríamos: isto e aquilo. Quer dizer, o bacana é estar
na do outro” (http://www.memorial.org.br/cbeal/arte-em-palavras/roberto-piva/entrevista-com-roberto-piva/).
Transgressor e apaixonado, homossexual e
adepto da ingestão de alucinógenos, ecológico e mediúnico, neo-pagão, Piva é
lido pelo poeta Ademir Assunção como “um poeta intenso, em tempo integral. Para
ele, a poesia não era um adereço intelectual Era algo vital” (https://revistacult.uol.com.br/home/que-o-seculo-21-de-razao-a-piva/).
Poeta urbano, com referências eruditas (Friedrich Nietzsche, Sándor Ferenczi, Arthur
Rimbaud, Lautréamont, Dante, Carl Jung, Wilhelm Reich etc) e xamânicas (também
foi praticante do xamanismo), fazia questão de afirmar sua inquietude. “O
hermetismo é o risco de toda poesia. Walter Benjamin falava que a poesia é
uma historiografia inconsciente e o surrealismo está aí para provar isso.
Todas as referências, no poeta autêntico, transformam-se em magma, sangue. Há
dois tipos de leitor: um que vira uma enciclopédia viva e fica com cara de
livro, outro que transforma em sangue suas leituras”. Em “Dante”, poema de Ciclones, provoca: “Quando nossos/
poetas/ vão cair na vida?/ Deixar de ser broxas/ pra serem bruxos?” (http://www.memorial.org.br/cbeal/arte-em-palavras/roberto-piva/entrevista-com-roberto-piva/).
Além dos livros citados, Piva teve sua última
publicação em vida com Ciclones, em
1997 – antes foram apenas seis livros, sendo que a L&PM, de Porto Alegre, editou,
em 1985, a Antologia Poética, onde
encontram-se poemas de todos os seus livros e mais alguns manifestos, como o
“Manifesto utópico-ecológico em defesa da poesia e do delírio”, escrito em
1983: “O Estado mantém as pessoas ocupadas o tempo integral para que elas NÃO
pensem eroticamente, libertariamente, Novalis, o poeta do romantismo alemão que
contemplou a Flor Azul, afirmou: ‘Quem é muito velho para delirar evite
reuniões juvenis. Agora é tempo de saturnais literárias. Quanto mais variada a
vida tanto melhor”, decretou. Em 2000, o Instituto Moreira Salles (IMS)
publicou a segunda edição de Paranoia
– acompanhada da exposição Paranoia:
a São Paulo de Roberto Piva e Wesley Duke Lee, realizada nas sedes
do IMS em Belo Horizonte e em São Paulo – e, em 2009, a terceira. No prefácio,
Davi Arrigucci Jr. observou a tendência do autor para entregar “ao delírio
sistemático a condução do lirismo, fazendo de seu comportamento desregrado
também o modo de ser de sua linguagem” (https://ims.com.br/2017/06/01/sobre-roberto-piva/).
A obra
completa do poeta foi reeditada em três volumes e publicada pela
editora Globo entre 2005 e 2008 (https://revistacult.uol.com.br/home/que-o-seculo-21-de-razao-a-piva/).
Em 2009, “o mais
indômito poeta brasileiro contemporâneo, detentor de uma voz violentamente
libertária”, teve. Ideias provocadoras e originais foram reunidas no volume da
Coleção Encontros, a partir do ciclo de conferências coordenado por Claudio
Willer. Além das
diversas antologias publicadas no Brasil, seus poemas se encontram em edições
na Argentina e nos Estados Unidos. Na página https://www.facebook.com/bibliotecarobertopiva/?pnref=story,
administrada por Gabriel Kolyniak e Gustavo Benini (organizadores da Biblioteca
Roberto Piva), podem ser encontradas mais informações sobre o autor e sua obra –
ou no espaço físico, no Vale do Anhangabú, em São Paulo, onde está preservado
um acervo de cerca de 6 mil títulos, de poesia ao ocultismo, entre outros
assuntos (m.me/bibliotecarobertopiva).
(* Ao lado de Reynaldo Damazio
estavam Fabio Weintraub, Antonio Fernando de Franceschi, Claudio Willer e
Glauco Mattoso. A partir de PIVA, 1985, https://claudiowiller.wordpress.com/tag/biblioteca-roberto-piva/,
https://claudiowiller.wordpress.com/tag/biblioteca-roberto-piva/page/1/
e sites
citados)
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