Álvaro Botelho Maia
(Humaitá,
AM, 19.fev.1893 –
Manaus,
AM, 4.mai.1969)
Árvore ferida
Ante a constelação do céu florindo em lume
Temos,
ó árvore, o mesmo ideal e a mesma sina...
Sangrou-me
o peito inerme a sensação divina,
Como
a acha te sangrou em golpe de negrume.
Dando
esmola ao faminto e consolo à ruína
Subimos
em bondade, ardemos em perfume...
Bendita
a dor criadora, o perfurante gume,
Que
em mim produz o verso e em ti produz resina...
Ninguém
virá curar-te! Apenas os ramalhos
ensinarão
à flor a música dos galhos
e
ensinarão ao galho as lutas das raízes.
Ninguém
virá curar-me! Os meus versos apenas
serão
o bálsamo desfeito em minhas próprias penas,
sob a ronda de dor dos dramas infelizes.
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