A produção do porto-alegrense JOSÉ BERNARDINO DOS SANTOS (20 de fevereiro de 1845/1848-1º de fevereiro de 1892) é extensa, porém, é rarefeita na memória de Caxias do Sul, onde passou a morar desde 1884, aos 39 anos. Transitou, como muitos, pela poesia e pelo jornalismo, pelo ensaísmo e pela crônica; foi orador, contista (ou conteur, como diz o biógrafo José Spadari Adami) e romancista, autor do indianista Quadros da vida selvagem: I-Juca Pirama, poesia de A. Gonçalves Dias (1869), vertido em drama especialmente para a atriz dramática Angelina Marquelou (1869), e A douda (1870).
Em Porto Alegre, trabalhou nos jornais Atualidades (1867-1868) e O Riograndense (1868). Foi editor e redator da revista Murmúrios do Guaíba (1870), que teria sido criada por divergência entre os membros da Sociedade Partenon Literário, da qual fazia parte como diretor da revista da agremiação. Guilhermino César (1908-1993) entende que a revista Murmúrios do Guaíba tinha, como propósito, o “de se consagrar às letras e à história da Província de São Pedro. É a mais bem feita de todos. Dirige-a um jornalista e escritor de mérito, José Bernardino dos Santos” (1971, p. 181).
“Foi um homem de letras, cultivou a literatura na nossa cidade”, reforça Adami, o que o tornou o patrono da cadeira nº 1 da Academia Caxiense de Letras (ACL). Costumava reunir-se com os poetas Bento de Lavra Pinto (1843-1911) e Carlos de Lavra Pinto (1851-1896). O local das reuniões era no número 858 da rua Marechal Floriano (em frente à atual Livraria do Maneco).
Funcionário público, exerceu funções na Tesouraria da Fazenda, em Porto Alegre, e na Comissão de Terras em Caxias do Sul, no período em que, segundo Adami (1960), Caxias “era uma colônia administrada pela Comissão de Terras do Império, anexada depois ao município de São Sebastião do Caí”, justo quando o pagamento “da dívida colonial havia se tornado parte importante do orçamento do País e do Rio Grande do Sul”, segundo Luiza Iotti (2005, p. 202).
Entre seus escritos também figuram Romaria a Bethlem (1879), Literatura Brasileira (1879), Frei Cristóvão de Mendoza (drama histórico, 1870) e os poemas de Flores de Maio. (fonte: a partir do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami/Biblioteca Pública Municipal).

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