foto pioneiro, 2014
O poeta ODEGAR
JUNIOR PETRY nasceu em 1º de fevereiro de 1963, em Caxias do Sul. Rol dos Insensatos foi publicado em 2011 pela Modelo de Nuvem, e
autografado na 27ª Feira do Livro de Caxias do Sul.
Na apresentação da obra, o jornalista Luís
Antônio Giron descreve: “O poeta – baluarte do inconformismo – com longa
carreira na cena alternativa gaúcha – trança armas na guerra cultural que agora
se processa: de um lado da trincheira, a poesia midiática, voltada para o
mercado, tributária da linguagem formal e pronta para assumir seu papel no
mercado e nas instituições; do outro lado, a poesia de resistência, que proclama
a poesia como último bastião contra a completa uniformização da cultura pop.”
Petry também publicou Ode Petry (edição do autor, 1996) e participou da antologia 3 (Liddo Editora, 2005).
Vítima de isquemia cerebral, o poeta faleceu
em 15 de outubro de 2014.
avenida
ela
passa
a
tarde cai
sobre
mim
lá
vai ela
leve
com seu caminhar
esguia
e longilínea
se
distancia na avenida
e
que avenida!
como
ela é bonita
esguia
e longilínea
leve
como o dia
que
se vai
* * *
s.r.e.c. az de ouro
o
poema
não
é poesia
o
poema está no papel
a
poesia na vida
a
poesia
não
é o poema
a
poesia está no papel
e o
poema na vida
* * *
chip da poesia
caminhar
move o chip da poesia
palavras
sinaleiras carros
fibra
nervosa estendida no poste de luz
caminhar
move a poesia
no
trânsito no anúncio na galeria fria
dilacerada
no coração
e no
asfalto
misturada
em todo pedaço de concreto
a
poesia
transpira
em cada passo
junto
com a fumaça
de
cano de descarga
caminhar
move o chip da poesia
* * *
palavra
a
palavra denegrida
a
palavra posta de lado
o
poeta tem de estar ao lado dela
abrigá-la
no poema
com
o animal, o louco, a mulher, a
criança
abandonados
àquilo
que a humanidade despreza
e
chama de lixo
a
palavra também não é poupada
desse
grande homicídio
pobre
palavra
vem
pousa
aqui
no meu braço
meus
ouvidos
estão
atentos às tuas letras
* * *
Leptospira
interrogans
tem
gente
que
se mete
na
vida dos outros
feito
rato enfiado no esgoto
desgraça
alheia faz babar
baba
nojenta
leptospirose
humana
que
espiando o cotidiano
ocupa
seu normal
com
a inormalidade mais próxima
tem
gente que acha
que
faz tudo certinho
um
certinho hipócrita
que
um dia vaza
e
também vira palhaço da praça
capturado
pelo pente fino
implacável
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