Incluído na Geração de 45, o poeta GEIR
CAMPOS nasceu em São José do Calçado (ES) no dia 28 de fevereiro de 1924. Ao
lado de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), Paulo Mendes Campos (1922-1991) e Hélio
Pelegrino (1924-1988), entre outros, é considerado pelo crítico literário
Alfredo Bosi como “um dos ‘virtuoses’ de sua geração” (2000, p. 467)
Combateu na Segunda Guerra Mundial e foi
piloto da marinha mercante. Bacharel em Direção Teatral (FEFIERJ/MEC, hoje
UNI-RIO), é mestre e doutor em Comunicação Social pela Escola de Comunicação da
UFRJ, onde lecionou. Na década de 1950, ao lado do poeta Thiago de Mello (1926),
foi responsável pelas Edições Hipocampo, em Niterói, onde foi diretor da
Biblioteca Pública Estadual. É o autor da letra do hino oficial de Brasília.
Escreveu cerca de 30 livros – poesia, contos,
peças teatrais, obras de referência, literatura infanto-juvenil, ensaios e
teses. É autor de recriações de obras de Rainer Maria Rilke (1875-1926), Bertold
Brecht (1898-1956), Franz Kafka (1883-1924), Herman Hesse (1877-1962), Walt
Withman (1819-1892), Sófocles (497 a.C-406 a.C.) e Shakespeare (1564-1616).
Geir Campos morreu em 8 de maio de 1999, aos
75 anos.
* * * * *
HINO A BRASÍLIA
Todo
o Brasil vibrou
E nova
luz brilhou
Quando
Brasília fez maior a sua glória
Com esperança
e fé
Era o
gigante em pé.
Vendo
raiar outra alvorada em sua história
Com Brasília
no coração
Epopéia
a surgir do chão
O candango
sorri feliz
Símbolo
da força de um país!
Capital
de um Brasil audaz
Bom na
luta e melhor na paz
Salve
o povo que assim te quis
Símbolo
da força de um país!
(Com
música de Neusa Pinho França Almeida)
* * * * *
ORAÇÃO RECOORDENADA
Pai
nosso,
que
estais no céu,
se
ainda há céu
na
altura a que o engenho leva
o
bicho da terra
em
guerra.
Venha
a nós
vosso
reino,
mas
não seja
imposto
da vida
a
vida.
E o
pão difícil
que
nem todos têm,
dai-nos,
e a
força de o repartir bem.
Amém.
(de Operário do canto, 1959).
* * * * *
POÉTICA
Eu
quisera ser claro de tal forma
que
ao dizer
–
rosa!
todos
soubessem o que haviam de pensar.
Mais:
quisera ser claro de tal forma
que
ao dizer
–
já!
todos
soubessem o que haviam de fazer.
(de Canto Claro, 1965)
* * * * *
TAREFA
Morder
o fruto amargo e não cuspir
mas
avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir
o trato injusto e não falhar
mas
avisar aos outros quanto é injusto,
sofrer
o esquema falso e não ceder
mas
avisar aos outros quanto é falso;
dizer
também que são coisas mutáveis...
E
quando em muitos a noção pulsar
– do
amargo e injusto e falso por mudar –
então
confiar à gente exausta o plano
de
um mundo novo e muito mais humano.
(de Canto Claro, 1965)
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