Nasce em Vercelli (Piemonte, Itália), no dia 8 de abril de 1843, aquele que é considerado, por muitos, o criador da primeira manifestação do que se poderia chamar “quadrinhos brasileiros”, segundo Goida (1990, p. 18-19): ANGELO AGOSTINI. Se não foi o criador, foi “o melhor, mais importante e mais divertido artista gráfico que o país teve no século XIX”, na opinião de Rogério de Campos (2015, p. 202). Veio ao Brasil morar em São Paulo em 1854, depois de uma temporada em Paris (onde estudou Belas-Artes), e, em 1864, uniu-se ao abolicionista e jornalista Luiz Gama e a Sizenando Nabuco de Araújo (irmão de Joaquim Nabuco, político abolicionista e escritor) para fundar o folheto ilustrado “Diabo Coxo”. Antes, porém, a existência de Agostini é nebulosa, de acordo com Campos – somente em 1862 ele foi citado no jornal “Correio Paulistano” num anúncio em que é apresentado como “colorista” de fotografias do estúdio de Perestrelo e Gaspar (CAMPOS, 2015). Dois anos depois do folheto, ele investiu no jornal ilustrado “O Cabrião”, no qual “tem a glória de ser autor da primeira ilustração brasileira processada judicialmente por ferir a moral pública” ao satirizar “a hipocrisia do fervor religioso da elite local” (CAMPOS, 2015, p. 203), sendo obrigado a fechar a revista e deixar a cidade. O jornalista e escritor José do Patrocínio o considerava um “repórter do lápis” – o “precursor não só das HQs como da charge política e do cartum brasileiros” (PATATI; BRAGA, 2006, p. 20). Mudou-se para o Rio de Janeiro, a capital do Império, em 1867, e ilustrou as revistas “Vida Fluminense” – onde criou sua primeira história com personagem fixo, “As aventuras de Nhô Quim” ou “Impressões de uma viagem à Corte”, antes de deixar a revista – e “O Mosquito”, até fundar a sua própria, “Revista Ilustrada”, que dirigiu até 1888, chamada por Joaquim Nabuco de a “Bíblia da Abolição” (foto da edição de janeiro de 1882, n. 284). Nela, criou o personagem Zé Caipora em 1883, história longa, sem balões (GOIDA, 1990), sem fio de delimitação dos quadros e enquadramentos quase fixos (PATATI; BRAGA, 2006). Com ela, de certa forma antecipou “a típica história em quadrinhos de aventuras como aquelas que os Estados Unidos só iriam começar a produzir quase cinquenta anos depois”, assinala Campos (2015, p. 205). Viajou à Europa em 1888, depois de trocar a família pela jovem Abigail e o filho que teve com ela. De volta ao Brasil, na revista “Don Quixote” (1901-1903), onde já “brincava” com o logotipo, republicou 35 tiras da história “Zé é convidado a jantar na casa da baronesa de...” em página dupla; quando a revista terminou, passou a trabalhar na editora O Malho, responsável pela revista “O Tico-Tico”. Pela editora, republicou “Zé Caipora” até o número 75 (15 de dezembro de 1906) – e depois nunca mais voltou a publicar. Mesmo estrangeiro, “Agostini, nas suas ilustrações, soube capturar com perfeição o espírito e a brasilidade tropical do nosso país”, conforme Goida (1990, p. 19). “Seu pioneirismo, seus grandes sucessos editoriais, sua militância abolicionista, seus ataques à Igreja, seu republicanismo, suas polêmicas e seus escândalos estão documentados em vários livros e teses acadêmicas”, lembra Campos (2015, p. 203). (A partir de “A revista no Brasil”, 2000; CAMPOS, Rogério, 2015; GOIDA, 1990; MOYA, Álvaro, 1993, 2. ed.; PATATI; BRAGA, 2006)




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog