É reconhecido como “o primeiro romancista de massas” da literatura brasileira, de acordo com Carlos Faraco (2000, p. 17). Nasce em São Luís do Maranhão em 14 de abril de 1857, mas é no Rio de Janeiro, a capital intelectual do país na época, para onde embarca definitivamente depois da morte do pai em setembro de 1881, “decidido a ganhar a vida como escritor”, que será aclamado pelos leitores – embora encontre reticências entre os críticos. Trata-se de ALUÍSIO AZEVEDO, nome artístico de Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, irmão do jornalista, poeta, contista e teatrólogo Arthur Azevedo (autor da peça A Capital Federal, de 1897), que produziu intermitentemente romances, contos, operetas e peças teatrais (com o irmão e com Emílio Rouède), transitando entre o realismo e os folhetins românticos (BOSI, 2000), “pastelões melodramáticos de ‘pura inspiração industrial’”, no dizer do crítico José Verissímo. Não sem razão, afinal, as “obras menores, sem inovações”, eram dignas apenas para que o autor sobrevivesse, diz Faraco. Segundo Valentim Magalhães: “Aluísio Azevedo é no Brasil talvez o único escritor que ganha o pão exclusivamente à custa de sua pena, mas note-se que apenas ganha o pão: as letras no Brasil ainda não dão para a manteiga” (in A Literatura Brasileira, 1870-1895, opúsculo publicado em Lisboa) – exemplo disso são os romances Memórias de um condenado e Mistério da Tijuca, de 1882, depois republicados com os títulos A condessa Vésper (1902) e Girândola de amores (1900), respectivamente. Foi com O Mulato (1881), Casa de Pensão (1884) e O Cortiço (1890), que Aluísio Azevedo ganharia uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (1897), no mesmo ano em que passara a morar no Japão, como cônsul, carreira que escolheu para evitar a miséria em que se encontrava desde 1882 – mesmo que O Mulato, o “primeiro romance naturalista brasileiro” tenha vendido cerca de dois mil exemplares logo que foi publicado.


Em O Mulato, escreveu contra o preconceito racial, comum entre as famílias ricas; o livro foi bem recebido na Corte como exemplo do naturalismo e irritou os maranhenses (BOSI, 2000). O Cortiço, ainda de acordo com Bosi, “foi um passo adiante na história da nossa prosa”, mas que, apesar dos “ressaibos lusitanizantes” se encaixam “ao clima de purismo que marcaria a língua culta brasileira até o advento dos modernistas” (2000, p. 192). Nele, pontua Faraco, “denunciam-se a miséria, a marginalização, a fome, a prostituição e a exploração” (2000, p. 16). Classificado como romance regional (CANDIDO, 1997, p. 103), universaliza para o leitor aspectos humanitários e sociais, a partir da “observação e análise dos agrupamentos humanos, a degradação das casas de pensão e sua exploração pelo imigrante, principalmente o português” (ABL), em uma linguagem científica, própria da época – realista e/ou naturalista, como interpretam Candido e Faraco, por sua vez: “Impregnado da moral cinzenta do realismo, como a prosa de Raul Pompéia e Adolfo Caminha” (1997, p. 168); “O escritor procurava demonstrar um dos grandes princípios do Naturalismo: o de que o meio, por ser mais forte, acaba condicionando o homem” (2000, p. 16). Morreu em 20 de janeiro de 1913, em Buenos Aires, na Argentina, seu último posto diplomático, onde foi enterrado antes de completar 56 anos (a urna funerária foi transferida para São Luís em 1919, por iniciativa do prolífico Coelho Neto) (A partir de BOSI, 2000, 35. ed.; CANDIDO, 1997, v. 2; FARACO, in AZEVEDO, 2000; www.academia.org.br/academicos/aluisio-azevedo/biografia; reprodução foto do autor: foto: www2.camara.leg.br)



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