Embora o primeiro livro, XIV Alexandrinos (1914) revele um sonetista neoparnasiano, ele foi um dos continuadores da libertação estética proposta pelo modernismo. JORGE DE LIMA nasceu no município alagoano de União em 23 de abril de 1895. Formado em Medicina no Rio de Janeiro, chegou a exercer a profissão em Maceió e na antiga capital brasileira a partir de 1930, num consultório localizado na Cinelândia, onde também funcionava um ateliê de arte e um ponto de encontro de artistas e intelectuais. Foi deputado estadual nos anos que se seguiram à queda da ditadura, professor de Literatura, pintor, fotógrafo, ensaísta, biógrafo, historiador e prosador (em contos, novelas e romances). Como poeta, apresentou ao leitor uma poesia introspectiva, carregada de tons psicológicos, metafísicos e de angústias religiosas imersas num catolicismo sincrético. Mas não há, de acordo com Faustino, “um só de nossos poetas que tanto tenha contribuído para a libertação, enriquecimento e diversificação de nossa linguagem poética” (2003, p. 294; artigo escrito e publicado originalmente em 1957). Ao lado de Murilo Mendes, com quem escreveu Tempo e Eternidade (1935), propôs-se a “restaurar a poesia em Cristo” (BOSI, 2000, p. 448) – no mesmo ano converteu-se ao catolicismo, na defesa de um cristianismo mais politizado e afinado com o socialismo, diante da crise econômica, do aparecimento do nazifascismo e da expansão do comunismo. Carrega consigo uma carga afetiva sublimada que une a poesia negra e a bíblico-cristã, como em Poemas Negros (1937), com a qualidade lírica que atinge quase que com perfeição um nível de expressividade e de rigor construtivo.


O ponto alto de sua poesia se dará em Invenção de Orfeu (1952), poema épico modernista em dez cantos, com versos regulares e variados, onde, a partir de Dante e de Camões, o poeta procura “construir uma epopeia centrada no roteiro do homem em busca de uma plenitude sensível e espiritual”, que acaba por revelar “um mestre de linguagem, o último com que conta a poesia contemporânea em língua portuguesa”, assegura Bosi (2000, p. 456). Sobre o livro, escreveu Murilo Mendes: “Não posso prever as consequências de sua publicação; não sei se Invenção de Orfeu ficará como um soberbo monumento isolado, ou se engendrará uma posteridade de poetas” (in CEREJA; MAGALHÃES, 2000, p. 294). Para Faustino, é um daqueles poetas “para os quais a palavra, antes de ser uma fala, é uma música, um ser virtual germinando e florescendo num espaço peculiar” (2003, p. 93). Inspirou, entre outros, Mário Faustino, e proporcionou, a partir de Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, a melhor lírica ocidental, tornando-se “parte da história intelectual e moral” do Brasil (BOSI, 2000, p. 488). Morreu em 1953, no Rio de Janeiro. (A partir de BOSI, 2000; CARPEAUX, s/d; FAUSTINO, 2003; MENDES in CEREJA; MAGALHÃES, 2000)

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