JUÓ BANANÉRE foi “um personagem fictício, imigrante italiano criado por Alexandre Ribeiro Marcondes Machado (1892-1933), e que era assunto tanto nas feiras e ruas quanto nos salões da alta sociedade” da São Paulo das primeiras décadas do século XX, conforme Milton Ribeiro. O engenheiro, poeta e jornalista Marcondes Machado, nascido em Pindamonhangaba, interior de São Paulo em 11 de abril, mudou-se para a capital os sete anos e, em 1911, depois de rápida passagem pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, iniciou sua colaboração para a revista “O Pirralho”, criada por Oswald de Andrade (1890-1954), com crônicas (“O diario do Abax’o Piques”) escritas numa linguagem macarrônica, mistura de português e italiano (apesar de não ter ascendência italiana), que inspiravam-se na fala dos imigrantes do bairro Bela Vista (Bixiga), de São Paulo, pouco habituados ao português – seriam, igualmente, uma sátira aos brasileiros que preferem línguas estrangeiras. É quando adota o pseudônimo. Em cartas, poemas, crônicas, anedotas e entrevistas, entre outros formatos, satiriza aspectos da vida política, cultural e social dos anos 1910 da elite paulista. É demitido da revista em 1915, após publicar uma sátira ao discurso nacionalista que o poeta  parnasiano Olavo Bilac (1865-1918) realizara na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco. Tornou-se redator da página “Sempr'Avanti!!” da revista quinzenal “O Queixoso”, editada por Monteiro Lobato (1882-1948). Fundou o “Diário Abax'o Piques – Diario Semanale di Grande Impurtanza”, em associação com o ilustrador Voltolino (1884-1926). Em 1917 publicou, em parceria com Moacir Piza, “Galabaro”, livro em ataque ao Cônego Valois de Castro, que havia defendido as críticas feitas ao Brasil pelo “Diário Alemão”. Volta a colaborar para “O Pirralho”, no qual mantém a página “O Féxa”. Parte da crítica considera a sua relevância histórica, dado o foco centrado no imigrante italiano; outra parte apenas o considera, pela irreverência formal, antecipadora do Modernismo, embora, no entender de Guilherme Gontijo Flores, ela pareça ser “mais um motivo para revermos com cuidado isso que chamamos porcamente de pré-modernismo, limbo vago e sem sentido com ranço de historiografia escolar da literatura brasileira”. Mas, sem dúvida, é precursora de Alcântara Machado ou, por reproduzir o humor nas criações e a representação do imigrante italiano, “o grande pioneiro do também gênio Adoniran Barbosa”, segundo Flores. Em 1924, seus poemas dispersos – nos quais Otto Maria Carpeaux entende que existe uma voz democrática – foram recolhidos em “La Divina Increnca”, com novas edições em 1966, 1993 (esta última pela Escola Politécnica da USP, nos cem anos de sua fundação, em homenagem ao ex-aluno), 2001 pela Editora 34, e 2007. No título há a referência irônica à famosa obra de Dante Alighieri; no interior há paródias de vários poemas famosos, desde “Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu, até “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, sem deixar de registrar Luís de Camões, La Fontaine, Edgar Allan Poe, Raimundo Correia e Castro Alves. Em 2009, o professor Carlos Eduardo Capela, de teoria literária da Universidade Federal de Santa Catarina, publicou a obra “Juó Bananére –Irrisor, Irrisório” (Nankin Editorial/Edusp). Para quem foi eterno candidato à Gademia Baolista de Letras (Academia Paulista de Letras), a principal fonte de inspiração ainda eram as ruas, “e era para essas mesmas ruas que retornava a obra pronta, de enorme sucesso, tendo em vista as repercussões em textos de outros autores e relatos de pesquisadores”, assegura Ribeiro. Morreu aos 41 anos, de anemia perniciosa, em 22 de agosto de 1933; está sepultado no Cemitério da Consolação, também em São Paulo, ao lado da esposa Diva, que morreu três anos depois. (A partir de http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21941/juo-bananere; http://biblioteca.pucrs.br/curiosidades-literarias/voce-conhece-juo-bananere/; https://escamandro.wordpress.com/2018/04/11/a-insgugliambaco-de-juo-bananere/http://miltonribeiro.sul21.com.br/tag/barao-de-itarare/)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog