Existe um divisor de águas no trabalho do ilustrador e colorista DAVE GIBBONS, nascido em 14 de abril de 1949 – e ele atende pelo nome de Watchmen. Conceituado como “notável” desenhista, Gibbons criou The Secret Service, escrita por Mark Miller, com a colaboração do cineasta Mathew Vaugh, em 2012, que foi adaptada para o cinema em 2015. Outro trabalho de Gibbons é Para o homem que tem tudo..., ao lado de Alan Moore, considerada uma das melhores narrativas do Superman (EUA, 1985; Brasil, 2018), o personagem criado por Joe Shuster e Jerry Siegel em 1933. Nela, o vilão Mogul insere no peito de Kar-El uma rosa alienígena, que o deixa em estado catatônico e o faz sonhar com a vida que ele queria ter – cria-se, então, uma realidade paralela na história do super-herói. Ao mesmo tempo, roteirizou e desenhou The Originals para a Vertigo (selo da DC Comics, criado em 1993), uma série em preto e branco que transpõe a vida dos mods (adolescentes classe média londrinos, ouvintes do jazz moderno e do r&b, que circulavam de lambretas e vespas) e dos rockers (espécie de Hell’s Angels ingleses, curtiam Elvis Presley e Eddie Cochran) dos anos 60 para um futuro próximo. Mas é difícil falar em Gibbons e não lembrar Watchmen, roteirizada pelo igualmente notável Alan Moore, publicada no Brasil entre 1986 e 1987.


Watchmen se sobressai como um resumo do traço realista e muito bem organizado que Gibbons imprime ao personagem, de acordo com Goida (1990). É da opinião do crítico que, se Watchmen fosse dado para alguns ilustradores estadunidenses, “a série tornaria-se incompreensível” (1990, p. 141). Romance gráfico, ou graphic novel, a HQ foi a primeira, “em qualquer língua, a ganhar um prêmio literário de qualquer ordem. No caso, o Hugo, de ficção científica” (PATATI; BRAGA, 2006); ganhou também o Eisner (1988, 1995, 1996) e ficou na lista dos 100 melhores romances, eleitos pela revista Time desde 1926. Com abordagem e linguagem antes ligadas a publicações alternativas, Gibbons e Moore tornaram Watchmen, junto com Demolidor – A queda de Murdock (iniciada em 1986), de Frank Miller/David Mazzucchelli (1999), Batman, o Cavaleiro das Trevas, de Miller (1987) e Maus, de Art Spiegelman (Brasiliense, 1986, v. 1; 1995, v. 2), responsável por despertar o interesse do público adulto pelas histórias em quadrinhos. A HQ teve uma edição especial em 2009 e três edições “definitivas”: 2009, 2011 e 2017, todas pela Panini. Com roteiro de Miller, Gibbons também ilustrou Liberdade, em 1991. (A partir de GOIDA, 1990; MOYA, 1993; PATATI; BRAGA, 2006; dccomics.com/talent/dave-gibbons)

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