Em 6 de julho de 1909, em Rio Pardo,
município do Rio Grande do Sul, nascia Duminiense Paranhos Antunes, que fixaria
residência em Caxias do Sul no ano de 1941, onde exerceria atividades administrativas e onde também revelou-se historiador, contista, novelista e poeta.
Como tal, publicou um único livro, Sombras
que ficam, em 1946. Duminiense ficou conhecido, mesmo, como jornalista e historiador,
o que não é pouco num país de memória curta.
Ele escreveu Documentário Histórico de Caxias do Sul: 1875-1950 (publicado em
1950, ano da 6ª Festa da Uva, que teve como rainha a bento-gonçalvense
Terezinha Morganti) e Caxias a Metrópole
da Serra, um álbum-documentário comemorativo do 75º aniversário da
colonização italiana, pela Livraria Mendes, em 1958. Neste, ele identifica
“muito acertadamente”, segundo João Spadari Adami (1897-1972), que “antes de
surgir o primeiro jornal em Caxias, já havia letrados nesta terra” (in ANTUNES,
1950, p. 62-63). No artigo “A vida social, cultural e literária do município –
Caxias do Sul, em fáce da evolução mental das novas gerações”, Duminiense
elogia o poeta Olmiro de Azevedo, que vivia, lado a lado com outros
representantes culturais, “um mundo intelectual bastante desenvolvido, não só
composto de caxienses, como de elementos de outras terras” – como Olmiro (in
ANTUNES, 1950, p. 111).
O historiador Mário Gardelin (1928-2019) entende
um pouco diferente: existia uma “uma literatura, de caráter popular”, escrita
em vêneto, sim, mas surgida “de uma forma espontânea” (1988, p. 8). O primeiro
jornal da região, o Caxiense, começou
a circular quinzenalmente em 15 de outubro de 1897 e encerrou a circulação em
28 de abril de 1858, e a colonização teve início em 1875. O clássico Vita e stória de Nanetto Pipetta, de
Frei Paulino de Caxias, nome religioso de Aquiles Bernardi (1891-1973), foi publicado
em dialeto vêneto entre 23 de janeiro de 1924 a 18 de fevereiro de 1925, ano em
que se comemorou os 50 anos da imigração italiana, pelo jornal Sttaffeta Riograndense, que depois viria
ser o Correio Riograndense, impresso
pelos Padres Capuchinhos em Garibaldi (RS).
Voltemos a Duminiense e à família Paranhos Antunes.
Ele publicou artigos, crônicas e poemas nos jornais O Momento, A Época, Diário do Nordeste e Pioneiro, de Caxias do Sul; A Folha, de Cachoeira do Sul; e Diário de Notícias, de Porto Alegre. Uma
das filhas, Helba (1933-1950), foi professora e deixou um livro de crônicas e
poesias, O eterno prenúncio,
publicado postumamente pela Tipografia O Momento em 1950. O filho Cristiano Carlos
Carpes (1934-1967) foi jornalista e escreveu, entre outros, o livro de poemas A estranha melodia do amor (1968). Já o
irmão, Deocleciano (ou Deoclécio), militar, foi considerado um poeta de “uma natureza
delicada, um coração sensível e predisposto às manifestações mais altas da Beleza
e da Emoção”, de acordo com Alzira Freitas Tacques (1956, p. 1448).
Membro honorário da Academia Caxiense de
Letras (ACL), o escritor também integrou a Associação Rio-Grandense de Imprensa
(ARI). Uma de suas filhas, Maria Luiza (1940-2017), seguiu a carreira jornalística
de Duminiense e deixou, em um de seus depoimentos, a seguinte lembrança sobre o
pai e a ARI: “Minhas primeiras referências sobre a ARI as recebi de meu pai, Duminiense
Paranhos Antunes, jornalista e historiador que possuía a Carteira de Sócio
número 473 e que carregava com muito orgulho em sua lapela o distintivo...”.
Seus outros livros são As vítimas do vício (crônicas, 1933) e Rio Pardo: “Cidade Monumento” (1946). Segundo Zinani, Bertussi e
Santos (2006) permanecem inéditos os volumes de crônicas Remissão e Ideias Inusitadas,
de contos regionais Rumo à Querência
e a novela Fugindo da Felicidade. Duminiense
Paranhos Antunes morreu em Porto Alegre em 19 de janeiro de 1984. (A partir de ANTUNES,
1950; BERTUSSI, ZINANI, SANTOS, 2006; ERBES, 2000; GARDELIN, 1988; HOFFMAN, MASCIA,
1991; SPADARI, 1960; TACQUES, 1956; VÁRIOS: Caxias do Sul: Museu
Municipal/Arquivo Histórico Municipal; Empresa Jornalística Pioneiro, 1988; http://coletiva.net/noticias/jornalista-maria-luiza-antunes-moreira-faleceu-na-madrugada-de-terca-feira,124504.jhtml.
Foto publicada em http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/cidades/noticia/2016/07/irmaos-paranhos-antunes-visitam-caxias-do-sul-em-1952-6597365.html)
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