A
expansão estadunidense do pós-guerra foi camuflada pela ajuda econômica que o
país concedeu à nação japonesa. A onda de riqueza injetada no país do Sol
Nascente transformou o país em uma potência capitalista poderosa, com um
mercado interno ultravoraz. Nesse contexto surgiu o mangá, termo criado em 1814
pelo artista Katsushika Hokusai (man
= involuntário + ga = imagem,
pincelada) “para descrever um estilo de composição fluido e sutil”1.
O termo foi absorvido e passou a identificar as HQs japonesas, consumidas por
milhares de pessoas semanalmente2. Entre expressivos
autores de mangás, temos Osamu Tezuka, Keiji Nakazawa e Hayao Miyazaki, e
também KAZUO KOIKE, o escritor de Lobo Solitário (Kozure Okami).
O roteirista nasceu em 8 de maio de 1936, o
personagem ganhou as primeiras páginas em setembro de 1970 e chegou ao Brasil
em 1988 (nove revistas, pela Cedibra), quase que de carona com o sucesso das graphic novels, na época em que “a HQ
deixou de ser um produto infantil dentro do mercado brasileiro”, situa Arnaldo
Massato Oka (in LUYTEN, 2005, p. 85). O Lobo Solitário, desenhado por Goseki
Kojima (1928-2000) – “uma verdadeira lição de narrativa gráfica” (GOIDA, 1990,
p. 196) –, é Itto Ogami, um executor do shogun Tokugawa que se torna um rônin,
samurai sem senhor, guerreiro errante no Japão pós-medieval, lá pelo século
XVI, que circula pela Ilha com seu filho, Daigoro, movido por um intenso desejo
de vingança – sua família foi vítima do clã Yagyu, a mando de Retsudo Yagyu.
Antes de Lobo Solitário, Koike já havia obtido reconhecimento no Oriente como
assistente de Takao Saito na série Golgo
13 (1968); com a influência do estadunidense Frank Miller, que publicou-o
no mundo ocidental, Lobo Solitário
tornou-se uma revista de grande sucesso no mundo inteiro, com várias reedições,
inclusive com o mesmo formato e com a forma de leitura oriental (ou seja, de
trás para a frente). O próprio Koike adaptou a HQ para o cinema, em 1992. Na
introdução da edição de 1987 (em 1990, pela Sampa, no Brasil; a série foi
publicada pela Panini Comics a partir de 2004), Miller assim o define: “Lobo
Solitário, de Kazuo Koike e Goseki Kojima, é, antes de tudo, um romance de
aventura histórica e deveras emocionante.” Koike manteve uma empresa de
quadrinhos durante anos e fundou a Gekiga-Son-Juko, uma escola de arte
profissionalizante. Também são deles as histórias de Crying Freeman, com Ryoichi Ikegami (virou filme em 1995), e Lady Snowblood, com Kazuo Kimimura (no
Brasil, Yuji – Vingança na Neve).
Kazuo Koike recebeu diversos prêmios durante sua carreira, em países como Japão
(Shogakugan, 1981), Estados Unidos (Eisner,
2001; Harvey, 2001 a 2003; e Inkpot, 2006), Espanha (Haxtur, 2004 e 2006) e França (Prêmio especial do Júri na Japan Expo, 2008). Depois que Kojima morreu, o desenhista Hideki
Mori assumiu a continuidade da história, já com Itto Ogami dando lugar a um
padrasto para Daigoro – em 2014 houve a perspectiva de uma terceira temporada,
com a criança já na fase adulta. Koike tinha 82 anos quando morreu, em 17 de
abril de 2019, devido a uma pneumonia (A partir de GOIDA, 1990; LUYTEN, 20051;
MICHAELIS, 2012; OKA in LUYTEN, 2005; PATATI, BRAGA, 2008; RABAÇA, BARBOSA,
20012; www.omelete.com.br/quadrinhos/kazuo-koike-criador-do-manga-lobo-solitario-morre-aos-82-anos;
www.omelete.com.br/entrevistas/lobo-solitario-omelete-entrevista-kazuo-koike;
www.universohq.com/noticias/morreu-kazuo-koike-um-dos-criadores-do-lobo-solitario/)
Comentários
Postar um comentário