Integrante da tendência contemporânea da internacionalização das histórias em quadrinhos, MIKE DEODATO imprime “sua marca no exigente ambiente profissional norte-americano”, de acordo com Patati e Braga (2006, p. 205). Nascido Deodato Borges Filho, em 23 de maio de 1963, o paraibano começou publicando fanzines a partir de roteiros pelo pai, o jornalista, radialista, historiador e incentivador cultural Deodato Borges, “grande apreciador dos quadrinhos” e desenhista amador (autor de As aventuras do Flama, 1963, surgida nas novelas de rádio). O primeiro trabalho que alcançou repercussão foi A história da Paraíba (1985), onde o desenhista já mostrava seu “estilo gráfico de traços vigorosos e domínio surpreendente do claro-escuro” (GOIDA, 1990, p. 99) – a técnica ganhou expressão nas revistas da Image Comics, nos anos 90, para quem Deodato ilustrou Glory, onde se pode, inclusive, relacionar analogicamente a busca da forma, da luz e da sombra com as pinturas do início do Renascimento (RAMA; VERGUEIRO, 2005). Na sequência, com roteiro do pai, ilustrou 3.000 anos depois, que foi publicado primeiro na edição alemã de Metal Hurlant (Schwermetall) e Ramthar; participou do XIII Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême (França), e, a partir daí, seu trabalho passou a ser veiculado em publicações na Europa e no Brasil. Mike Deodato, “com desenho moderno, limpo, mesmo na sua complexidade impressionista” (GOIDA, 1990, p. 99), ganhou mundo, ilustrando histórias de terror, mistério, ficção científica ou HQs baseadas em fatos históricos.
Hoje, depois de 24 anos ilustrando para a Marvel Comics, Deodato deixa a editora para dedicar-se a um trabalho autoral na Dark Horse – a saída está prevista para junho deste ano. Na “Casa das Ideias” ele teve Os Vingadores como seu primeiro trabalho, depois de ter se revelado na DC Comics desenhando a Mulher-Maravilha (1994). “Quando eu era um menino sonhei um dia me tornar um artista Marvel. Eu cresci lendo Os Vingadores, Capitão América, Homem-Aranha e, já que meu pai era um artista no Brasil, decidi que faria o mesmo, mas desenhando os heróis que tornaram minha infância tão boa. Tive sucesso e tenho vivido o meu sonho com esses personagens há 24 anos! Tenho amado cada segundo”, explicou em uma carta de despedida1. Escreveu, ainda: “14 de junho será meu último dia em casa, mas vocês poderão me ver um pouco depois disso, porque minha família não me deixaria ir sem um presente. E o que eles me deram é o livro mais incrível, uma oportunidade para que eu revisitasse todos os personagens com que me importo no Universo Marvel The Savage Avengers. Não poderia pensar em um presente de despedida melhor.”2 Para a Marvel também ilustrou a revista mensal Elektra, Thor, Hulk, Justiceiro, Wolwerine, X-Men e Guerras Infinitas (com Gerry Duggan), entre outras HQs.
Para a Editora Abril, Mike Deodato é autor de algumas capas exclusivas para as aventuras publicadas no Brasil de Conan, o Bárbaro, personagem criado em 1984 por Robert E. Howard (as obras originais, que estavam desaparecidas, em 2012 chegaram a ser comercializadas ilegalmente pela internet3). Em 2017, a Mythos publicou uma nova versão de Ramthar, escrita por ele e desenhada por Mozart Couto. É “um dos únicos no Brasil de pai e filho trabalharem unidos na criação de quadrinhos”, segundo Goida. Leia mais no site oficial do autor, em inglês: https://mideodatojr.tumblr.com (A partir de GOIDA, 1990; RAMA; VERGUEIRO, 2005; https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2019/03/06/mike-deodato-jr-quadrinista-paraibano-anuncia-saida-da-marvel-comics-apos-20-anos.ghtml1; https://www.omelete.com.br/marvel-comics/mike-deodato-anuncia-saida-da-marvel-apos-mais-de-20-anos-na-editora2; http://www.universohq.com/noticias/artes-originais-de-mike-deodato-jr-desaparecidas-ha-anos-surgem-na-internet3)



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