Frank Cappa é um repórter outsider, “não é um herói, mas apenas uma testemunha dos acontecimentos, um mercenário das notícias, que exerce a sua profissão em qualquer ponto do Globo” – e as reproduz com o subtítulo “Memórias de um correspondente de guerra”. Assim procura definir-se o personagem de MANFRED SOMMER, nascido em 27 de maio de 1933 em San Sebastian, na Espanha, filho de pai alemão e mãe andaluza – o nome germânico tem, obviamente, a prevalência paterna. Alguma coisa de seu trabalho foi publicada pela Abril na revista Aventura e Ficção (1986-1990) e na graphic novel nº 22, Viet-Song (1989), mas seu mercado principal foi a Europa e a África do Sul. Começou aos 14 anos em editoras espanholas (como a Molino), até que emigrou para a Paris, aos 22 anos, com o desenhista Antonio Parras (que se tornou colaborador da revista Pilote e depois chamou a atenção com as aventuras da dupla Mark e Golo, em Os Inoxidáveis, ao lado do roteirista Victor Mora, conta Goida) Assim como o personagem, viajou pela África do Norte, pelo Brasil e pelo Paraguai, só para citar alguns roteiros (a exemplo de outro grande aventureiro, o italiano Hugo Pratt, também foi itinerante). Dividido entre a França e a Suíça, retornou para a Espanha em 1958, onde se dedicou às HQs, à publicidade, à pintura e aos desenhos animados – chegou a montar um estúdio próprio para desenhos animados. Nos anos 80, com os olhares voltados para as histórias em quadrinhos, teve a oportunidade de retomar a atividade: para a revista Hunter, desenhou o western O Lobo Solitário e duas histórias de Tex para a Sergio Bonelli Editores: Mercado de Escravos (2003, série Gigante, nº 12) e A Última Diligência (2007, nº 452-453), ambas pela Mythos Editora, no Brasil; ainda em 1981, criou Frank Cappa, inspirado no correspondente de guerra Robert Capa, fundador da agência de fotógrafos Magnum. Dois anos depois, se reuniu com Leopoldo Sanchez e Mariano Hispano e formou o grupo Metropol, para quem criou a série “Polux”. Na sequência, Cappa retornará em grande estilo, embora de forma breve, na revista K.O. (Ediciones Metropol), que teve apenas quatro números em 1984. O estilo de Sommer é expressivo, e o autor demonstra muito cuidado ao documentar hábitos e costumes reportados em suas histórias; apresenta muita ênfase no visual em preto e branco e nas tensões dramáticas, e poucos balões de texto. Em 1983 ganhou o prêmio de Melhor Série Espanhola concedido pela crítica ao álbum Frank Cappa no Brasil, publicado em 1989 pela Meribérica. Ele morreu em 3 de outubro, aos 74 anos, de uma doença não divulgada. (A partir de GOIDA, 1990; SOMMER, 1986; www.guiadosquadrinhos.com; texwillerblog.com).



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