Paulo Brasil Gomes de Sampaio, conhecido como SamPaulo, nasceu em Uruguaiana (RS) em 3 de maio de 1931. Foi o primeiro artista gráfico a publicar um livro de cartuns no sul do país, H,u,m,o,r do Primeiro ao Quinto (Ed. Globo) em 1963, onde, além “de piadas essencialmente urbanas aparecia muito do folclore gauchesco” (GOIDA, 1999). Em 2017, com a doação do acervo de documentos e originais do cartunista pela família, foi também o primeiro artista gráfico incluído no Espaço Delfos de Documentação e Memória, da PUCRS – ao lado de escritores como Dyonélio Machado, Moacyr Scliar e Caio Fernando Abreu1 –, com curadoria da sobrinha, a arquiteta Maria Lucia Sampaio, filha do cartunista José Miguel Pereira de Sampaio (1927-2017). SamPaulo começou a carreira no jornal Clarim (1954), durante a campanha do pedetista Leonel Brizola (1922-2004) para a prefeitura de Porto Alegre. Trabalhou na Revista do Globo e, entre outros, nos jornais Pioneiro (Caxias do Sul), Folha da Tarde (coluna “Estamos aí”), Diário de Notícias, Correio do Povo e Zero Hora, onde foi responsável pela charge editorial e pelos cartuns do caderno rural, frequentador que era da Expointer (feira internacional agropecuária e de exposição de animais realizada desde 1901; em Esteio, RS, desde 1970); em 2012, a Secretaria de Estado da Cultura realizou a exposição “O pago impagável: o humor gaudério de SamPaulo”, com curadoria do ilustrador/chargista/ quadrinista Edgar Vasques (1949), que reconhece a influência do homenageado. Em 1966, em tiras de quadrinhos, criou Sofrenildo, personagem popular, parte do imaginário do gaúcho e retrato do brasileiro comum, “presente no que está acontecendo de mais importante”, como o apresentou em Sofrenildo – Até que um dia! (AGE, 1998). Outro tema frequente eram os clubes gaúchos, Grêmio e Internacional – torcia para este. Atuou na TV Piratini, canal 5, dos Diários Associados, quando apresentou o programa semanal SamPaulo e seus Bichões (brincadeira com o programa infantil Gladys e seus Bichinhos), em que fazia charges ao vivo e as comentava.
Seu traço também pode ser visto em Como eu ia dizendo... (1990) e De Pedro a Collor (1992), e em antologias, como em Anedotário da Rua da Praia 3, de Renato Maciel de Sá Júnior (1983) e Separatismo – Corta Essa (1993). Com o professor Paulo Ledur publicou a série Os pecados da língua, em quatro volumes (1993). Teve a canção “Amor à toa”, feita com o violonista Darcy Alves, gravada por Maria Lúcia; “SamPaulo retratava e criticava a realidade com humor, com ironia, com perspicácia e, de uma forma simples, chegava facilmente aos seus leitores”, diz ela3. “Nunca ninguém por tanto tempo conseguiu fazer sorrir o tempo todo”, escreveu Marco Aurélio, o “único chargista ecológico do mundo”, conforme o humorista-cronista Carlos Nobre (1929-1985). Em 1991, recebeu o título de Cidadão Emérito e, em 2009 foi homenageado na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre; desde 2001, a premiação de charge da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) é denominada de Prêmio SamPaulo (entre os anos 60 e 90, ganhou mais de 20 prêmios ARI). Morreu em 7 de fevereiro de 1999, véspera do carnaval, e foi sepultado ao som do surdo da escola de samba Imperadores (A partir de GOIDA, 1990; SAMPAULO, 1998; sampaulocartunista.blogspot.com; https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/artes/noticia/2017/05/acervo-do-cartunista-sampaulo-sera-doado-para-a-pucrs-nesta-segunda-9792767.html1,3; www.grafar.blogspot.com.br/2008/04/datas-descobrimento-do-brasil.html2)

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