GARDNER FOX não é um nome que vem à mente tão fácil quanto outros autores da 9ª Arte, mesmo para aqueles fãs que têm a DC como a editora preferida – não por pouca coisa conhecida como a Editora das Lendas. O escritor e roteirista estadunidense, nascido em 20 de maio de 1911, no Brooklin (Nova York), chegou a formar-se advogado (1935-1937). Mas foi ao escrever mais de “oitenta milhões de palavras” (segundo ele mesmo) para os milhares de personagens de histórias em quadrinhos criados – 1,5 mil só para a editora, num total de 4 mil histórias1 –, entre eles, em 1961, a base do que passou a ser conhecido como Multiverso DC, que permitiu que antigos e novos heróis coexistissem e se encontrassem, que Fox se tornou notável entre seus pares. Criou Sandman (o misterioso vigilante urbano, que usa gás para combater o crime), o Sindicato do Crime da América, os primeiros roteiros de seis histórias inaugurais de Flash (janeiro de 1940) e o “segundo” Flash, Barry Allen, além de outros personagens – como a atualização da série de aventuras vividas em Adam Strange, uma mescla de Flash Gordon e Buck Rogers, criada pelo editor Julius Schwartz (1915-2004), e que muitos consideram a obra-prima de Fox (GOIDA, 1990), depois do amplo reconhecimento que obteve durante a Era de Ouro das HQs (1938-1956). Graças a ele, a Sociedade da Justiça da América ganhou ares épicos (criada em 1940, na All-Stars Comics, número 3, foi sucedida pela Liga da Justiça, igualmente criada por ele em fevereiro-março de 1960), desenhada por algum tempo por Carmino Infantino (1925), um dos responsáveis pela ressureição de Flash na década de 1950. Assessorou os criadores de Batman, Bob Kane e Bill Finger, e para eles concebeu o Batarangue, o Batcóptero, o Batplano e o cinto de utilidades, reintroduziu o Charada e o Espantalho nas aventuras do vigilante de Gotham e transformou a filha do comissário James Gordon, Barbara, na nova Batgirl; reviveu Átomo (editado numa primeira fase no Brasil como Eléktron) e o policial de um planeta alienígena Katar Hol (ou Carter Hall), em Gavião Negro (com Dennis Neville, personagem que depois alçou voos mais altos com Joe Kubert e foi publicada no Brasil pela Abril, três edições em 1990, com roteiro e arte de Timothy Truman2, de Grimjack). 

A intensa carreira de Fox nas HQs foi interrompida em 1968 quando ele se afastou da editora, já que a DC se negava a dar seguro saúde e outros benefícios para os criadores mais antigos. A partir daí, ele se dedicou quase que exclusivamente à literatura. Nesta área, também com pseudônimos, masculinos e femininos, escreveu contos de ficção científica, novelas e ensaios, de histórias do Velho Oeste a contos de terror e aventuras de espionagem para as pulps (publicações populares), envolvendo-as em uma série de referências históricas, mitológicas e científicas – foram cerca de 100 livros. Antes de encerrar definitivamente de produzir, no início dos anos 70 Fox ainda escreveu roteiros para The tomb of Dracula e Doutor Estranho, então para a Marvel. Entretanto, Gardner Francis Cooper Fox morreu na véspera do Natal de 1986, aos 75 anos, vítima de pneumonia. Ao longo da prolífica carreira (em quantidade e qualidade), recebeu quatro prêmios Alley Awards (dois em 1962, depois 1963 e 1965); em 1982 foi premiado com o Jules Verne Award, na Skycon II, em 2007, com o Prêmio Bill Finger de Excelência em Escrita em Quadrinhos (San Diego Comic-Com); ainda em vida, tornou-se uma das 50 personalidades referenciadas em Fifth Who Made DC Great (edição comemorativa), recebeu vários prêmios da Science Fiction Writers of America, foi incluído em 1998 no Jack Kirb Hall of Fame (equivalente ao de Hollywood) e no Hall of Fame do Prêmio Eisner no ano seguinte, sem contar as homenagens, como na Nova York Comic Art Convention, em 1971, ou de colegas quadrinísticos – John Broome batizou o mais rebelde dos “lanternas verdes” como Guy Gardner3. Suas anotações, correspondências e diversos materiais encontram-se preservados na Universidade de Oregon (a doação ocorreu em 1967, sugerida pelo agente literário August Lenniger) e em 2002 o Cartoon Network transmitiu o episódio Legends, da série animada Liga da Justiça, que fazia homenagem à Sociedade da Justiça criada por Fox. (A partir de GOIDA, 1990; TUCKER, 2018; http://bdmarveldc.blogspot.com/2019/01/eternos-gardner-fox-1911-1986.html1,3; TRUMAN, Abril Jovem, 19902)

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