Ele foi batizado em 8 de maio de 1938 como Jean Henri Gaston Giraud, mas a partir dos anos 60 também ficou conhecido como JEAN GIRAUD, quando passou a desenhar uma das mais lendárias séries do universo das HQs, o faroeste Blueberry, por sugestão do colega e mentor, o quadrinista Joseph Gillain, o Jijé (1914-1980), criador de Jerry Spring, outro personagem do western. Jean Giraud tornou Blueberry, ou Forte Navajo (22 álbuns entre 1963 e 1980), com roteiro de Jean-Michel Charlier, “a grande estrela das HQs de western na Europa”, de acordo com Eric Molero1. Personagem atípico, sarcástico e indisciplinado, que “tinha a fisionomia baseada na do ator Jean Paul Belmondo” (PATATI; BRAGA, 2006, p. 129), o tenente viveu suas aventuras pouco depois do início da Guerra Civil dos Estados Unidos e foram publicadas pela Pilote. Mike Blueberry é o filho de um rico plantador sulista e, inicialmente, é apresentado como um racista convicto. A partir do momento em que é acusado por um crime que não cometeu, e foge, é salvo por um escravo negro igualmente foragido. E tudo muda. Ele torna-se um inimigo de todo o tipo de discriminação, passa a lutar contra os Confederados e tenta proteger os direitos dos índios americanos.2 No Brasil, as aventuras do tenente apareceram em 1976 com a publicação, pela Abril, de um único álbum do personagem, O homem da estrela de prata (republicada em 1992); em 1980, a Vecchi editou dois episódios da série, em preto e branco. Em 1990-1991, a Abril Jovem publicou as aventuras de Blueberry em quatro edições coloridas – “Tempestade no Oeste”, “Águia Solitária”, “O cavaleiro perdido” e “A pista dos navajos”. 
Segundo Patati e Braga, “Blueberry pode ser considerado um dos grandes anti-heróis dos quadrinhos de aventura, junto com Corto Maltese” (2006, p. 130). Paralelamente, Giraud (ou Gir) troca o realismo da série que lhe deu fama internacional e se consagra mais uma vez ao criar um universo fantástico, de ficção científica e erotismo, com visual impactante, sob o pseudônimo Moebius, quando teve seu melhor momento, na opinião de Goida (1993) Seu primeiro trabalho nasce em 1963, numa série de histórias curtas para a revista Hara-Kiri. Depois, cria O Desvio (1973), O homem é bom? e As aventuras de John Watercolor (1974), e O pesadelo branco (1975). Com Jean Pierre Dionnet, Philippe Druillet e Bernard Farkas, funda Les Humanoïdes Associés e lança Métal Hurlant, influente publicação francesa de quadrinhos nos anos 70, alguns com o chileno-mexicano mímico, teatrólogo, diretor de cinema Alejandro Jodorowsky, com quem criou a revista de histórias fantásticas Arzach (1975) e O Incal (seis volumes, entre 1980-1988). Com a HQ A Garagem Hermética (1976), quebrou todas as regras tradicionais de histórias em quadrinhos (foi publicada pela L&PM). Em 1983, torna-se cofundador da companhia Aedena, com sede em Los Angeles. Nos EUA, teve seus primeiros trabalhos traduzidos para o inglês pelo escritor, ilustrador e editor Archie Goodwin (1937-1998) para o selo Epic Comics, da Marvel, que publicou suas obras mais importantes; também ilustrou o Surfista Prateado, com roteiro de Stan Lee, graphic novel número 11, que saiu por aqui pela Abril (1989). Mas, mais do que isso, “os mundos dinâmicos tanto de super-heróis quanto o dos desenhistas do underground [...] não lhe terá escapado aos olhos” (PATATI; BRAGA, 2006, p. 131). Para o cinema, criou storyboards, cenários e figurinos para filmes como Alien (1979), Tron (1980), Little Nemo (para o Japão em 1985) e outros, além de colaborar com desenhos para jogos eletrônicos. Jean Giraud tinha a insígnia das Artes e das Letras, recebido do então presidente François Mitterrand, em 1985, e foi escolhido como Melhor Artista Gráfico da França nos anos 1990. Em 2011 teve, em Paris, uma grande exposição consagrada a sua obra, que começou ainda na Escola de Belas-Artes aos 16 anos, em 1954. Morreu no dia 10 de março de 2012, aos 73 anos, após um longo período com estado de saúde debilitado3. (A partir de GOIDA, 1990; MOYA, 1993; PATATI, BRAGA, 2006; http://www.guiadosquadrinhos.com/artista/jean-giraud-moebius/3841; http://www.dionisioarte.com.br/moebius-o-lendario-artista-frances/2; http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/03/morre-o-cartunista-frances-moebius.html3)



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog