CARLOS
FELIPE MOISÉS nasceu em 20 de maio de 1942, em São Paulo,
e, entre 1962 e 1994, colaborou com diversos jornais e revistas, entre eles a Folha de S.Paulo e a Istoé, como crítico literário.
Formou-se em Letras pela Universidade de São
Paulo (USP), onde também se tornou doutor – a partir de 1966 ensinou literatura
brasileira e teoria literária na instituição e, entre 1978 e 1983, foi
professor de Literatura Portuguesa e Brasileira da Universidade da Califórnia
(EUA).
Poeta, participou do International Writing
Program, da Universidade de Iowa (EUA), entre 1974 e 1975. Seu primeiro livro, Poliflauta (ou A poliflauta do Bartolo) é de 1960. Depois, vieram Signo e Aparição (1961), A tarde e o tempo (1964) e Carta ao marear (1966), que se encontram
em Poemas Reunidos (1974), prêmio
APCA. Ainda publicou Círculo Imperfeito
(1978), Subsolo (1989) – igualmente premiado
pela APCA –, Lições de casa e poemas
anteriores (1998), Noite Nula
(2008), Disjecta membra (2014) e Dádiva Devolvida (2016).
Participou de diversas antologias – como Artes e ofícios da poesia (Artes e Ofícios, 1991) – e também as organizou – a Antologia poética da Geração de 60, com Álvares de Faria (1942), é uma delas, publicada em 2000. Escreveu, ainda, ensaios literários, como Poesia e Realidade (1977) e Poesia não é difícil (1996) Tem, entre os livros traduzidos, O que é literatura?, de Jean-Paul Sartre (1989), Tudo que é sólido desmancha no ar, de Marshall Berman (com Ana Maria L. Ioriatti, 1986) O poder do mito, de Joseph Campbell e Bill Moyers (1990).
Participou de diversas antologias – como Artes e ofícios da poesia (Artes e Ofícios, 1991) – e também as organizou – a Antologia poética da Geração de 60, com Álvares de Faria (1942), é uma delas, publicada em 2000. Escreveu, ainda, ensaios literários, como Poesia e Realidade (1977) e Poesia não é difícil (1996) Tem, entre os livros traduzidos, O que é literatura?, de Jean-Paul Sartre (1989), Tudo que é sólido desmancha no ar, de Marshall Berman (com Ana Maria L. Ioriatti, 1986) O poder do mito, de Joseph Campbell e Bill Moyers (1990).
Também publicou O livro da fortuna (1992), Pafúncio
Futebol Clube. Aventuras de um elefantinho esperto & seus dois amigos
(1993), A deusa da minha rua (1996) e
Poeta aprendiz (1997), livros
voltados para o público infantojuvenil.
Expert em
Fernando Pessoa (1888-1935), publicou sobre o poeta português os livros O poema e as máscaras. Microestrutura e
macroestrutura na poesia de Fernando Pessoa (em Portugal, 1981, reeditado
em 1999, no Brasil, com o título O poema
e as máscaras. Introdução à poesia de Fernando Pessoa), Mensagem de Fernando Pessoa. Roteiro de
Leitura (1996), Poemas de Álvaro de
Campos. Roteiro de Leitura (1998) e Fernando
Pessoa: almoxarifado de mitos (2005).
Carlos Felipe Moisés faleceu em 18 de agosto
de 2017, aos 75 anos.
* * * * *
LINGUAGEM FIGURADA
Tropel
de trapos
lenços
amarfanhado
a
convulsão
de
uma sílabas
rebeldes
desarrumando
a cama
&
a
folha em branco:
o
peito de quem ama
* * * * *
DÁDIVA DEVOLVIDA
Birds in the Crescent
trees were singing.
Dylan Thomas
O
céu de tanto o contemplar
já
se desprende de seus laços
e
vem, menino, se abrigar
no
vão inútil de meus braços.
Ah,
um só instante bastara
(de
amor?) para que minha história,
velha
paisagem, se mudara
em
puro canto só memória.
E
minha voz, que não entendo,
a
mim me fala e quase nada
do
que me fala compreendo
:
apenas rio ponte estrada.
Da
boca um pássaro me voa,
no
gesto uma nuvem passagem
pede
e o mundo se despovoa
de
mim para outra paisagem.
Onde
a memória? Onde o canto?
Onde
o bando de aves que um dia
voou
em meu céu? E o encanto
que
habitou esta alma vazia?
O
céu já se vai de meus dedos,
a
paisagem torna a seu pouso,
os
olhos contemplam segredos
que
tentar decifrar não ouso.
Fatigado
agora caminho
a
mesma estrada rio ponte
: um
pássaro canta sozinho
e
risca de azul o horizonte.
O céu
de tanto o contemplar
eis
se recolhe aos velhos laços
e à
força de tanto o chamar
se
me cerram os olhos baços.
*
Agora
que não vejo vejo
tudo
o que o céu me ofereceu:
satisfazer
o meu desejo
perder
o que ninguém me deu.
* * * * *
ETIMOLOGIA
saber
de cor
a
água
a
cor da pele
cada
anseio
que
a língua
recolhe:
saber
de cor
o
coração
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