GUILHERME
MANSUR nasceu em 31 de maio de 1958 em Ouro Preto (MG). Poeta e
tipógrafo, atua desde os anos 70 em movimentos de poesia alternativa – como o
Arte Postal, com participação na International Mail-Art Exhibition, em Monza,
na Itália –, fundou e editou a revista-saco Poesia
Livre, mantida entre 1977 e 1985.
Publicou Barrocobeat
(2001), Bené Blake, com Dimas Guedes, Bichos Tipográficos (2007), Haicavalígrafos (2008), Bahia Baleia (2009), Barcolagem (2010) e, em 2011, a plaquete
Passagemfahrschein; o livro Sem Teto, de 2017, faz parte da Coleção
Leve um Livro, projeto realizado pela Fundação Municipal de Cultura de Belo
Horizonte (faziapoesia.com.br/acervo-online-completo-colecao-leve-um-livro-em-pdf-19a1618cb8a1).
Nos anos 80, editou livros de, entre outros,
Haroldo de Campos (1929-2003), Carlos Ávila (1955), Sylvio Back (1937), Álvaro
Andrade Garcia (1961), Alice Ruiz (1946), Paulo Leminski (1944-1989) e Régis
Bonvicino (1955), e o poema-escultura Sísifo.
Na década de 1990, com Augusto de Campos e
Arnaldo Antunes, editou a série de poemas-cartazes “Não/Nada”, montou o
poema-instalação “Quadriláxia”, realizou o projeto Chuva de Poesia, entre 1993
e 1996 (que consistia em jogar poemas em lâminas multicoloridas do alto das
torres das igrejas de Ouro Preto) e publicou o primeiro livro, Os sete fôlegos, reeditado sob o título Gatimanhas & Felinuras, em parceria
com Haroldo de Campos – que acrescentaria, em Crisantempo (1998), “mais algumas peças felinas” ao “livro editado
artesanalmente em 1994 pelo ‘tipoeta’”, como Haroldo o chamava – e M O D U L A
Ç Ã O, em parceria com Waly Salomão e Luiz Zerbini. Nesse período foi
responsável pela reformulação gráfica do Suplemento
Literário de Minas Gerais, entre o fim dos anos 90 até 2002.
Com Alice Ruiz, publicou a plaquete Hai-Kais (1998). Individualmente montou
o poema-instalação “Bashôbananeira”, a exposição QUALquerPOESIA (Belo Horizonte, 2007), com poemas-objetos,
instalação e poemas manuscritos, e criou a série Bandeiras – Territórios Imaginários (2008) com poemas
verbo-visuais.
Na década de 2000 editou a revista de
fotografia Lambe-Lambe, integrou o
coletivo Olho de Vidro (2006), fundou e edita o jornal de arte e poesia Amilcar. Publicou, ainda, os calendários
Na carta que veio de Minas / Um ósculo de
óxido de ferro (2005) e Bananeiravodum
(2006), com Nair de Paula Soares. Criou fontes digitais e a série “Alfacine”,
com fontes digitais e cinema.
Em 2017 foi tema de uma exposição no Centro
de Memória da Faculdade de Letras da UFMG, em parceria com o Museu Vivo Memória
Gráfica – Guilherme Mansur: poeta editor
reuniu grande parte da obra do “poeta-tipógrafo”, que também criou logomarcas,
gravuras, diagramou jornais e revistas, criou esculturas, produziu fotos,
projeções e vídeos, capas e ilustrações para livros. Em 2018, a Edusp dedicou ao
artista a edição número 9 da coleção Editando o Editor. Segundo disse Leminski, em depoimento em 1985,
“Tivesse nascido na Rússia, no início do século,
o nosso Bruxo das Alterosas viveria certamente tomando vodka com Khlébnikov e
sua turma de poetas futuristas”.
Seus poemas estão publicados
em revistas e jornais literários de vários estados do país, como no Suplemento Literário de Minas Gerais, no
caderno “Mais”, da Folha de São Paulo,
no jornal Nicolau (Curitiba), nas
revistas Bric-a-Brac (Brasília), ETC (Curitiba) e Olhar (USP, São Paulo).
* * * * *
CAMELÓDROMO
1
Cédulas de zero cruzeiro, cordões,
Anéis de ouro e areia, rodos,
Malhas da liberdade, porta-bandeira,
Estojo de geometria, obscura luz, e ainda:
Loucura/razão, dados, ku kka ka kka...
Ô, vais querer um sermão da montanha?
2
Casos de sacos, casa fantasma,
A Árvore do dinheiro, zero centavo,
Mutações geográficas, Cruzeiro do Sul,
Eureka/blindhotland, e ainda:
Lp sal sem carne, três sonidos...
Ô, vais querer um picolé de água?
3
Caixas de Brasília/clareira –
Através -, pastel de pastel, black pentes,
Mebs/caraxia (compacto), fio
E desvio para o vermelho, e ainda:
Linhas do Equador, uma maca...
Ô, vais querer um espelho cego?
4
Coca-cola com decalque, volátil, des-
Aparecimentos, olvido, um sanduíche
Muito branco, imensa, cinza,
Espaços virtuais, ouro e paus, e ainda:
La bruja, ocupações, parla, para Pedro...
Ô, vais querer um marulho?
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