O caxiense ASSIS MARIANI nasceu no dia 3 de agosto de 1944. Seu único livro é Lições para Maria em hebreu, publicado postumamente em 1987, mas seus poemas também podem ser lidos nas antologias do Concurso Anual Literário de Caxias do Sul de 1969 e 1972. O livro foi premiado com menção honrosa no Prêmio de Poesia Caixa Econômica Estadual, em 1973, concurso promovido em parceria entre o Instituto Estadual do Livro (IEL) e a CEF.
A seleção dos poemas foi feita pelo poeta Jayme Paviani, a partir da iniciativa de um grupo de amigos e admiradores de Mariani, entre eles os jornalistas Renato Heinrichs e Luiz Carlos Corrêa, e com o apoio da administração municipal.
Foi redator, programador e locutor, entre outras funções, das rádios Difusora Caxiense (1965-1969) e São Francisco (1977-1978). Como jornalista e cronista, atuou na rádio Princesa, no Jornal da Cidade e no Pioneiro, para o qual escreveu textos políticos (1980-1984); colaborou, ainda, com os jornais Folha da Tarde e Correio do Povo, e com a Revista da Festa da Uva.
Advogado (formado pela UCS, onde mais tarde foi professor), também exerceu o funcionalismo público e exerceu diversas funções: oficial e chefe de gabinete, secretário e procurador geral, assessor de imprensa na administração caxiense – em 1973, recebeu a Medalha Monumento Nacional ao Imigrante, pelos serviços prestados à comunidade; em 1982, assumiu como assessor superior da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Foi homenageado no LP Um pouco de todos nós, gravado em 1988, com a gravação da canção “Exercício lírico nº 5”, com letra e música de sua autoria. É nome de escola (bairro Eldorado) e de uma avenida (bairro São Caetano) em Caxias do Sul. A biblioteca da Procuradoria Geral do Município também tem o seu nome.
Assis Mariani faleceu em 4 de maio de 1986, em Caxias do Sul.

* * *


POEMA VI

Enfim, chega a tarde ruidosa
graves grossos
gerais e grosseiros trovões
trovoam
sobre a casa
que me abriga,
e vê a casa
também um berço;

e me fixo sobre
a proximidade da primavera
quem me cobre
não é a mão eu me afaga
a mão que me sustenta?

quem me fala
não é quem esteve em mim
quando morri?
quem esteve comigo
quando juntei os pedaços
de mim pelas ilusões?

quem recompôs
meus destroços
amargura sobre amargura
palavra sobre palavra
gesto sobre gesto?

então, presumo ser feliz.

e me fixo sobre
como hei de proceder:
afinal, está próxima
a primavera.

* * *

NÃO HÁ CURVAS NO INFINITO

Não há curvas no infinito
ou há curvas no infinito

além da imensidão
feito o eterno
já hoje eterno
e miniaturizado.

Não sabemos o que há
em nossos pequeninos
e milhares de mistérios;
mas o orgulho nos diz
que sabemos os grandes
segredos do eterno

por isso regozijamos
e os embebedamos

doutos sabe tudo
divina obra de criação
sagrada existência de Deus:

nós sim é que somos!

que se tudo é tão imenso
prova sempre
tanto que somos tudo
quando que nada somos.

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