O poeta, gramático, teatrólogo e historiador JOSÉ DE ANCHIETA nasceu em 19 de março de 1534 em Tenerife, a maior ilha do arquipélago das Canárias, na Espanha.  Em 1553, aos 19 anos, o jesuíta desembarcou no Brasil, como integrante da Companhia de Jesus, para catequizar os índios carijós
Viveu em São Paulo, Rio de Janeiro (um dos fundadores das duas capitais) e Espírito Santo. A literatura foi a forma que ele encontrou para infundir o pensamento cristão entre os índios. Em 1595, escreveu Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil, a língua tupi-guarani.


Ao longo da vida, escreveu poemas, líricos e épicos, cartas, sermões e autos (para dramatização), primeiro em castelhano e em latim, depois traduzidos para o português e para o tupi. Entre elas encontramos De beata virgine dei matre Maria (mais conhecido como Poema à Virgem), Sermão sobre a conversão de São Paulo e Cartas Jesuíticas. Com sua produção literária, contribuiu para o que viria a ser a cultura brasileira, reconhecido pela Academia Brasileira de Letras (ABL) e pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
Morreu em 9 de junho de 1597, na Aldeia de Reritiba, hoje Cidade de Anchieta, no Espírito Santo. Foi beatificado pelo papa João Paulo II, em 1980, e canonizado em 2014 pelo papa Francisco; é copadroeiro do Brasil desde 2015. É conhecido como “apóstolo do Novo Mundo”, “fundador da cidade de São Paulo” e “curador de almas e corpos”.

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POEMA À VIRGEM MARIA (trecho)

Ó doce chaga, que repara os corações feridos,
Abrindo larga estrada para o Coração de CRISTO.
Prova do novo amor que nos conduz a união! (Amai uns aos outros como EU vos amo)
Porto do mar que protege o barco de afundar!
Em TI todos se refugiam dos inimigos que ameaçam:
TU, SENHOR, és medicina presente a todo mal!
Quem se acabrunha em tristeza, em consolo se alegra:
A dor da tristeza coloca um fardo no coração!
Por Ti Mãe, o pecador está firme na esperança,
Caminhar para o Céu, lar da bem-aventurança!
Ó Morada de Paz! Canal de água sempre vivo,
Jorrando água para a vida eterna!
Esta ferida do peito, ó Mãe, é só Tua,
Somente Tu sofres com ela, só Tu a podes dar.
Dá-me acalentar neste peito aberto pela lança,
Para que possa viver no Coração do meu SENHOR!
Entrando no âmago amoroso da piedade Divina,
Este será meu repouso, a minha casa preferida.
No sangue jorrado redimi meus delitos,
E purifique com água a sujeira espiritual!
Embaixo deste teto (Céu) que é morada de todos,
Viver e morrer com prazer, este é o meu grande desejo.

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JESUS NA MANJEDOURA

– Que fazeis, menino Deus,
Nestas palhas encostado?
– Jazo aqui por teu pecado.

– Ó menino mui formoso,
Pois que sois suma riqueza,
Como estais em tal pobreza?

– Por fazer-te glorioso
E de graça mui colmado,
Jazo aqui por teu pecado.

– Pois que não cabeis no céu,
Dizei-me, santo Menino,
Que vos fez tão pequenino?

– O amor me deu este véu,
Em que jazo embrulhado,
Por despir-te do pecado.

– Ó menino de Belém,
Pois sois Deus de eternidade,
Quem vos fez de tal idade?

– Por querer-te todo o bem
E te dar eterno estado,
Tal me fez o teu pecado.



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