A poeta JULIA DE SOUZA nasceu no dia 16 de dezembro de 1986, em São Paulo (SP). É autora de As durações da casa (2019), Gigante Vermelha (2016) e Covil (2013).

Foi vencedora do Prêmio Nascente 2012 e já publicou poemas em diversas revistas, como a Piauí, e o conto “Moinho” pelo selo digital Formas Breves. Mantém o blog dobradiça (https://cargocollective.com/dobra).

Trabalha como tradutora e preparadora de textos para algumas editoras. Faz mestrado na Universidade de São Paulo (USP), sobre a obra de Hilda Hist.

* * *



domingo


troncos-edemas

mudos magníficos

hipertrofiados.


(palavra nenhuma pede passagem)

 

* * *

NENHUM TALENTO


Descabelo,

Tipo cão em desvario.

Tolices trovas rasteiras

Ganas de decoradora.

Sigo no encalço

De um uivo

Algo que vingue


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1. ATO FALHO


meu coração estava

na ponta da língua

 

2. ATO FALHO


meu coração (três vezes) num espeto

 

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FOTOGRAFIA


os turistas não entenderam

por que aos onze anos

não quis entrar na tumba

no meio do deserto

fiquei no ônibus muito cética

aos cuidados do motorista

que riu do meu descaso

e me trouxe uma coca-cola

depois de tanta ruína

amarelo sobre amarelo

é difícil enxergar o extraordinário.

àquela altura eu não sabia

por milímetros não acertamos

nem um beijo na esfinge.


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