O multiartista RICARDO ALEIXO nasceu em 14 de dezembro de 1960, em Belo Horizonte (MG), é poeta, músico, produtor cultural, artista plástico e editor. Fez sua estreia na poesia com o livro Festim: um desconcerto de música plástica (1992).

Em 1996, dividiu novo trabalho com Edmilson de Almeida Pereira, A roda do mundo. Vieram, ainda, Trívio (2001), Máquina Zero (2004), Modelos Vivos e Mundo Palavreado (2010), Impossível como nunca ter tido um rosto (2016), Antiboi (2017) e Pesado demais para a ventania (2018), antologia em que revisita sua poesia. Para o público infantil editou quem faz o quê (1999) e A aranha de Ariadne (2004).

Já realizou diversos espetáculos multimeios, como Jogo de Guerra – Malês (1990, com Adyr Assumpção), Desconcerto Grosso – Poemas de Gregório de Matos (1996) e Canudos, sertão da Bahia, 1897 (1997).

Coordenou projetos como 30 Anos da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, Tricentenário de Zumbi e a Bienal Internacional de Poesia, e fez curadoria de diversas exposições – Sebastião Nunes: 30 anos de guerrilha cultural e Estética de Provocaçam, entre outras, além do Festival de Arte Nega (FAN) – e é curador da ZIP – Zona de Invenção Poesia &.

É editor da revista Roda – Arte e Cultura do Atlântico Negro, pela Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, e desenvolve suas atividades e criação e pesquisa no LIRA – Laboratório Interartes Ricardo Aleixo e no KORA – Kombo Roda Afrotópica.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=Y_rpSmD3PGQ&fbclid=IwAR20JqUyzhRxi6bGQQK5g1dz421_HxPetsZ4mhvj15e7AWc7xa9jQPAGmZ4

www.youtube.com/watch?v=FyoJianCJc&fbclid=IwAR14SD0Ps14b-eJOfP_7Et8jxHXbdzWfrZGz1rLcvh1GKcO7BIK6zBwY


* * *



CINE-OLHO


Um

menino

não.

Era

mais

um

felino,

um

Exu

afelinado

chispando

entre

os

carros

um

ponto

riscado

a

laser

na

noite

de

rua

cheia

para

os

lados

do

Mercado.


* * *


SOBRE ESCREVER


Escrever porque esta é,

sem sombra de dúvida,

a melhor hora

para escrever.

 

Não escrever porque esta,

verdade seja dita,

é a melhor época

para não escrever.


Escrever porque esta,

convenhamos,

não é a melhor ocasião

para escrever.


Não escrever porque este,

antes e acima de tudo,

é o melhor turno

para escrever.


Escrever porque este,

só um cego não vê,

é o melhor tempo

para não escrever.


Não escrever porque este,

apesar dos pesares,

é o melhor mês

para escrever.


Escrever porque esta,

até segunda ordem,

não é a melhor noite

para não escrever.


Não escrever porque este,

em última instância,

não é o melhor século

para não escrever.


* * *


BISPO DO ROSÁRIO


quem fez e refez

cem vezes o


caminho do mundo

até antes


cem vezes na

cabeça o longo


trecho entre o

mar e o


céu

quem re fez o


caminho da perda

com seu manto


de

ver deusfilho.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog