O poeta MARCOS PRADO nasceu em Curitiba (PR) no dia 15 de dezembro de 1961. Publicou De leve não vale a pena apesar (1979) e O livro dos contráários (1995). Seus poemas também estão nas coletâneas Sala 17 (1978), Reis Magros (1979), Sangra: Cio (1980) e Feiticeiro Inventor (1985). Em 1996 foi publicado O livro de poemas de Marcos Prado, na Coleção Catatau (Fundação Cultural de Curitiba/Editora Iluminuras), que reuniu vários de seus poemas e, em 1998, diversos poemas seus foram traduzidos para o inglês e publicados no livro Outras Praias/Other Shores – 13 poetas emergentes, organizado por Ricardo Corona.

Em parceria com Thadeu Wojciechowscki, Roberto Prado, Sérgio Viralobos, Edilson Del Grossi, Edson de Vulcanis, Márcio Cobaia Goedert e a Lagarto Editores, Dois mais dois são três em um, Erdeiros do azar, Passei minha mão na cara, Eu, aliááás, nós, Paraguayos do universo, Pérolas aos poukos e Três quadrúpedes bípedes.

Traduziu O corvo, de Edgar Allan Poe (duas edições, 1985/1987) e Os Catalépticos (1991), com transcriações de poemas de Dante Alighieri, Shakespeare, Camões, W.B. Yeats, Poe, Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud e Adam Mickiewicz.

Teve composições gravadas pelas bandas Beijo AA Força, Maxixe Machine entre 1990 e 2005, além de Os Cervejas e Ovos Presley. Desde o final dos anos 70 foi gravado por Zé do Belo e Bernardo Pellegrini, entre outros, e está nas coletâneas Vampiros de Curitiba e Cemitério de Elefantes (1990) e em 1 (1994).

Em 2011 o filme Ultralyrics, dirigido por Rafael Lopes, prestou homenagem ao poeta – que é o título do livro organizado por Felipe Hirsch em 2006, também disponível em CD, Aquelas canções do Marcos Prado, interpretadas pelo Beijo AA Força; em 2000, durante o Perhapiness, em Curitiba (PR), realizado em memória de Paulo Leminski e Alberto Cardoso, Prado foi homenageado com a realização de recitais, peças de teatro, vídeos, trabalhos escolares, vinhetas em rádio e televisão, oficinas, exposições.

Marcos Prado de Oliveira faleceu no dia 31 de dezembro de 1996, aos 34 anos.


* * *



um homem caminha rumo ao horizonte

com uma calma que o faz driblar o passo

isento de pensamentos e de cansaço

sem com quem falar nem com quem conte


outro, sobe apressadamente um monte

pensando em como é deprimente céu abaixo

sentindo-se infeliz e cabisbaixo

porque subir não o leva além de ontem


os dois se encontram um dia num deserto:

 isso um dia já foi uma floresta

 em qualquer direção que eu vá, fico mais perto


e se despediram, um com aceno de dor, o outro de festa

você que é sábio, se diz bom e esperto

diga qual o que ama e qual detesta


* * *


o alegre recebeu o triste

certa tarde em seu casebre

o triste pouca coisa disse

o alegre usou de formas breves


ficaram amigos dessa forma

o triste silenciou a amargura

o alegre usou a ternura como norma

entre os dois, a mesa e a noite escura


amanheceu, acabou a noite, o vinho

e, sozinho, ficou o alegre à mesa

enquanto o triste saía sem destino

sem nenhum resquício de tristeza


* * *


não escreve aqui quem sabe de tudo

o que você quer, o que sabe, pra mim, nada

apenas quero daquele que é mudo

dizer o que acha dessa palhaçada


o ritmo vale mais que a métrica e a rima

a métrica é salão e a rima cozinha

tudo que a inteligência dizima

é fato a mim e ideia de fato minha


você, que é devorador de comida alheia

que se serve do talento de outro prato:

seu sangue não vai mudar de veia

se não criar pra você um novo braço


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