ERICO VERISSIMO nasceu em Cruz Alta (RS) no dia 17 de dezembro de 1905. O autor se destaca pelos romances históricos, diretos e intimistas que escreveu e o tornaram referência literária, mas também ofereceu aos leitores contos, novelas, ensaios, literatura infantil e juvenil, biografias e autobiografias.

No romance O Senhor Embaixador, Verissimo surpreendeu o leitor com sete haicais. De acordo com Rodolfo Witzig Guttilla, em Boa Companhia (2009), o autor gaúcho “conhecia as normas cultas de composição do poema, como o uso do kigô [vocábulo que revela a estação do ano em que o poema foi criado], o humor e a aceitação da transitoriedade da vida”. A pequena produção de Verissimo também é destacada pela professora e haicaísta Tomoko Kimura Gaudioso. Nesse sentido, soube aproximar-se da tradição revolucionária da palavra proposta pelos autores da Semana de Arte de 22.

Reconhecido escritor humanista, pelos escritores e pela crítica – além do Prêmio Jabuti (O Senhor Embaixador, 1965), Verissimo ganhou os prêmios Machado de Assis (em 1934, por Música ao Longe, e em 1954, pelo conjunto da obra) e Fundação Graça Aranha (Caminhos Cruzados, 1934), que se somaram ao título Doutor Honoris Causa, em 1944, pelo Mills College, de Oakland (Califórnia, EUA), onde lecionava Literatura e História do Brasil; de Cidadão de Porto Alegre, em 1964, e o Intelectual do Ano (Troféu Juca Pato), em 1968, concedido pela União Brasileira de Escritores e pelo jornal Folha de São Paulo. É autor de uma obra traduzida para dez idiomas: o alemão, o francês, o espanhol, o inglês, o italiano, o japonês, o norueguês, o romeno, o russo e, claro, o português.

Sob coordenação da pesquisadora e professora Maria da Glória Bordini, foi instalado, no Programa de Pós-Gradução em Letras da PUC-RS, o Acervo Literário de Erico Verissimo, em 1984; em Cruz Alta, a morada da família tornou-se Museu Erico Verissimo em 1986; desde 1991, a obra encontra-se para consulta informatizada no Projeto Integrado CNpQ – Fontes da Literatura Brasileira. A vida e a obra de Erico Verissimo estão, desde 2013, preservadas no Memorial instalado no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, em Porto Alegre, cidade que ele escolheu para morar e onde faleceu, em 28 de novembro de 1975. No ano seguinte, foi publicado o livro Solo de Clarineta – Memória 2, organizado por Flávio Loureiro Chaves.

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PRIMAVERA


Libélulas? Qual!

Flores de cerejeira

Ao vento de abril.


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VERÃO


Moscardo verde,

Fruta madura no chão...

Ó mel da vida!


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OUTONO


Bosque de cobre,

Borboleta amarela,

Esquilo fulvo.


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INVERNO


Na alva neve,

A rígida mancha azul

Da ave morta.


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SERVIÇO CONSULAR


Com cartas brancas,

O senhor cônsul solta

Pombos de papel.


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Gota de orvalho

Na corola dum lírio:

Joia do tempo.


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JARDINEIRO INSENSATO


Passou a vida

A cultivar sem saber

A flor da morte.


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