A poeta DEISI SCHERER BEIER nasceu no dia 19 de junho, em Porto Alegre. A estreia na literatura ocorreu em 2007, com o livro de poemas Tramas de Orvalho, indicado ao prêmio Livro do Ano 2009, da Associação Gaúcha de Escritores (AGES). Em 2018, o livro Cais Alheio recebeu o Troféu Alceu Wamosy, da Academia Rio-Grandense de Letras.
É dela, também, Córrego de Amarras (2010), Breu Rendado (2012) e Nu de Dentro (2015). Seus poemas estão incluídos na Coletânea de Poesia Gaúcha Contemporânea (2013), organizada por Dilan Camargo, e na antologia Moradas de Orfeu (2011), que reúne poetas do Sul do Brasil.
Em 2008 criou o blog filhosdeorfeu.blogspot.com.br, onde escrevia sobre literatura e divulgava seus poemas.


* * * * *


mora na boca
enquanto você dorme
escondida asa de borboleta

úmidos cogumelos crescem nos troncos
não há cortinas
menos é mais

o princípio da incerteza
é turbulência na mente
sopro

morrer: vazio de improvisos

* * * * *

vitrais filtram o branco
aturdida humanidade
revelada em lâmina
sem margens, afiação perfeita e à semelhança

se cada desencontro se quedasse em versos
e águas acolhidas em seu destino
não originassem chuva temporã
trancada na retina permanecia tua face
deslembrada de risos

sob o frio decotado de outono
desassossego
as cicatrizes de um final de tarde
instante deslinhado
que se espicha sobre a noite

* * * * *
os olhos ardiam e, iludidos, avistavam
miragens
não tinham voz para proferir
tímido pedido de socorro
no vazio, nenhuma palavra
em direção ao céu
a despeito da chuva fina
tenho eu também olhado
aquele que me vê
carregando no ventre
outro deserto

* * * * *

na moldura um verde triste
seria preciso um tempo para deliberar
mesmo havendo merecimento
fumaça na água
entre paredes
claustrofóbico
claudicante
coro inominado
tomado pelo assombro
escombros acotovelados nos cantos
mas pulso resistente

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