CELIA
MARIA MACIEL nasceu em Cachoeira do Sul (RS), em 23 de
junho de 1946. Autora dos poemas de Campos
de arroz maduro (1995), Criaturas
minhas (1999) e Ao menor sopro
(2013), também escreveu Mariana quatro
olhos (1985) e O país do nariz, dos
olhos, da boca & de outras partes interessantes (infantil) – ganhador
do prêmio Livro do Ano de 2010, da Associação Gaúcha de Escritores (AGES) –, Passo, pássaro, passado (1981) e Perfume para Madame Rosa (crônicas) – este,
ganhador do Prêmio Literatura Cidade de Manaus 2008.
Formada em Comunicação Social – Jornalismo (PUCRS), é
especialista em Literatura Brasileira e em Escrita Criativa (UFRGS); foi
patrona da Feira do Livro de Cachoeira do Sul, em 1999, e de São Sepé, em 2000,
também conquistou os prêmios Lilla Rippol (2005) e nos concursos literários
Felippe d’Oliveira (2003) e Mário Quintana (1999). Participou, ainda, de
diversas antologias de poesias, entre elas, da Coletânea de poesia gaúcha contemporânea, organizada por Dilan
Camargo (2013).
Em 2014 foi homenageada pela escola Aldeanos do Samba, com o tema Trouxe o sonho de encantar, Celia Maria Maciel, é Aldeanos que hoje vem lhe homenagear.
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porcelana
indiferente a um homem que
desmancha
uma parede abaixo de golpes
de marreta
leio poemas chineses
esses poetas fazem com que
eu lembre
o lugar onde nasci
as coisas mais puras da
minha infância
a água corrente do rio
minhas mãos de menina
dentro das mãos de meu pai
nós dois
diante do espetáculo das
enchentes
e meu coração medroso
– parede sendo golpeada –
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laranjeira
a gente estava perto um do
outro
em pé, não lembro,
mas a gente casava porque
havia uma sintonia
nos nossos jeitos. assim,
feito abelhas fazendo mel
e tudo dando certo até o mel
chegar no pão.
depois, pegaste a minha mão,
aí, casamos
sentamos em volta da mesa
precisávamos de quietude. um
tempo de respirar
e ouvimos o ar do silêncio
e o nada também ouvimos
e falamos dentro do silêncio
tudo o que guardamos durante
a vida.
casamos, tenho certeza,
nessa hora.
vieram então os risos. outra
vez casamos
e teve hora de agressão
briga e raiva.
até aí, houve casório.
e de outra forma fiz aliança
porque minhas mãos têm a
forma do teu rosto
os teus braços têm a forma
do meu corpo
não houve cerimônia nem
sermão mas casamos
porque nos celebramos
ouvindo jazz
depois, a gente comeu
sorvete e eu te olhei
e tive certeza de uma lua de
São Jorge
e até hoje a gente está
assim
casando casando
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