CELSO
GUTFREID nasceu em 15 de setembro de 1963, em Porto Alegre (RS).
Estreou na literatura com os poemas de livro A gema e o amarelo, em 1988, e sua mais recente publicação é de
2019, a antologia A porta do chapéu –
crônicas em Paris, série de crônicas escritas na capital francesa entre
1996 e 2001, período em que realizou o pós-doutorado em Psiquiatria na
Infância, na Universidade Paris 6 – Université Pierre et Marie Curie.
Em 1994, com A arte de rua (1993), ganhou a primeira edição do Prêmio Açorianos
na categoria poesia, e o Troféu Henrique Bertasso para melhor livro de poemas
publicados no Rio Grande do Sul; no mesmo ano, publicou o livro de poemas em
quadrinhos Dito & Visto, com
Piti. Em 2013, publicou Em defesa de
certa desordem, e, em 2017, foi a vez de Tesouro Secundário – seus poemas já foram traduzidos para o inglês,
o francês, o espanhol e o chinês, e tem participações em diversas antologias no
Brasil (Coletânea de poesia gaúcha
contemporânea, entre outras) e no exterior (França, Canadá e Luxemburgo).
Além do Açorianos, também recebeu o Prêmio
Nacional de Poesia Mario Quintana, em 1985, e Livro do Ano, da Associação
Gaúcha de Escritores (AGES), em 2002 (na categoria infantil, com Fera Domada) e 2007 (categoria infantil,
com A almofada que não dava tchau).
Participa do projeto Autor Presente, do Instituto
Estadual do Livro (IEL) e é colaborador da Câmara Rio-Grandense do Livro; em
1996, foi escritor convidado do Clube de Escritores Ledig House, em Omi (EUA). Em
2005, o livro A primeira palavra foi
selecionado para o acervo do Plano Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE), do
Ministério da Educação, e, em 2006, o poema “Quintana Visitado” integrou o
projeto Poemas no Ônibus, da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre.
Com mestrado e doutorado em psicologia na Universidade de Paris 13, tem diversos livros na área, entre eles A arte de tratar – Por uma psicanálise estética (2018); dedicado à infância, os livros de ficção são infantis, e também uma parte daqueles voltados para a área profissional. É membro da Associação da Waimh Francophone, membro correspondente da L’autre Revue Transculturelle e sócio da Sociedade de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.
* * *
SONETO
DA ACOLHIDA
Para
este movimento
de
tal monta destrutivo
com
seu céu de canivetes
por
sobre os alvos macios,
não
cabe outro movimento
seja
de corpo ou sentido:
é
morte, está se vendo
e
pronto: cegou a vista.
Mas
nos terrenos terrenos
nada
é definitivo
não
se vê, mas há unguento
capaz
de cegar a dor:
estender
a acolhida
piscar
olhar com humor.
* * *
ELOGIO DA LOUCURA
O
riso de hoje tem
origem
na tragédia
e
segue na avenida,
descansa
no café.
Piora
mais adiante
em
mistura de dança
choro
e
queda,
baile
e pranto
nada
e tudo
louco
e louca
breu
e luz.
Porém
nada neste mundo
é
mais falso do que um lúcido.
* * *
FEMME
TERRIBLE
Bandeira
e Quintana eram solteiros
sem
outros deveres além do ritmo.
O
casório de Drummond, quotidiano
com
direito à fuga com palavra e sexo.
Cabral
declinou da primeira união
e
da segunda o poema foi a massa.
Vinícius
do excesso cavou a ausência
e
preencheu-se do que não interessa,
todavia
é necessário. No fundo,
nada
fizeram de mais importante
que
o poema. A poesia é impulsiva
como
a vida.
Possessiva.
Ciumenta.
No limite.
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