O poeta ARMINDO TREVISAN nasceu no dia 6 de setembro de 1933, em Santa Maria (RS). Professor aposentado de História da Arte e Estética na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – onde criou a disciplina Iconografia e Icolonogia Cristã e onde também ministrou aulas no curso de Pós-Graduação em Artes Visuais –, recebeu o Prêmio Nacional de Poesia Gonçalves Dias, da União Brasileira de Escritores (UBE), em 1964 pelo livro A surpresa do ser, o seu primeiro livro.

Foi vencedor, também, do Prêmio Nacional de Brasília (1972, por O abajur de Píndaro) e o Prêmio APLUB de Literatura (1996-1997, por A dança do fogo), do Açorianos (2013, por Adega Imaginária). Em 2001, foi patrono da 47ª Feira do Livro de Porto Alegre (recebeu o Prêmio Fato Literário RBS-Banrisul), e, em 2004, da 20ª edição da Feira do Livro de Caxias do Sul, quando apresentou o livro O rosto de Cristo: a formação do imaginário e da arte cristã (2003).

Além de poeta, Trevisan foi filósofo, tradutor, ensaísta e crítico de arte. Publicou livros sobre teoria literária e ensaios, entre eles Reflexões sobre a poesia (1993), Cartas à minha neta – Para ler quando for adulta (2007), Escultores contemporâneos do Rio Grande do Sul (1982) e Essai sur Le problème de la création chez Bergson (na Suíça, 1963), resultado de seu doutorado em Friburgo (“Magna cum Laude”). Foi, também, colaborador de vários jornais, entre os quais Zero Hora, O Estado de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.

Sua poesia está contemplada em duas antologias poéticas, de 1986 e de 2001, e em Brasilianische Poesie des 20 (na Alemanha, 1975); traduzida também para o italiano, o espanhol e o inglês – em 1984 realizou conferências em Lisboa e Porto (Portugal) e, em 1986 estagiou na Universidade de Sevilha, na Espanha, e em 1991 foi conferencista no simpósio The Community Heritage in the Spanish Americas, em San Antonio (Texas, EUA) – e pode ser encontrada em livros como O moinho de Deus (1985), O canto das criaturas (1998) e Adeus às andorinhas (2008).

 

* * *


A UM JOVEM POETA


Não escrevas um poema enquanto teu coração

arde. Deixa que a emoção arrefeça.

Depois, em silêncio, com ajuda da cabeça,

põe um tijolo sobre outro tijolo.

Tijolo? Tão frio o barro cozido...

Mas é dentro desse barro que acontecem as cópulas,

e as crianças choram pedindo leite.

Imagina um fruto amadurecido,

que pende de uma árvore: o vento o balança,

e o sol continua a aquecê-lo. Esta dança,

que não se vê,

é a poesia.


* * *


SALMO NUPCIAL


Sejas visível

Senhor


quando a carne

de outra carne

florescer na minha


e um enxame

de abelhas brancas

beber no umbigo

dela


e nossa escuridão

servir à noite


e erguermos

à altura do mundo


a solidão

dos animais.


* * *


O homem é pequeno diante de Deus.

É pequeno quando está de pé,

pequeno quando caminha,

pequeno quando trabalha

porque então a matéria o domina.

O homem é grande quando está deitado

porque, então, o seu espírito se eleva

além dos mundos desconhecidos;

eleva-se para o Céu.

 

Nossa vida é um livro misterioso,

escrito por Deus, misterioso e onipotente;

somente ao sono é concedido

folhear as páginas desse livro.


Dormir! Dormir! Dormir!

O sono está próximo da morte,

e a morte, próxima de Deus.


(“Canto Argelino”, de Orações para o Novo Milênio, 1999)

 

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