É autor do esquete Amor Sob Máscaras, que participou do I
Festival Experimental e recebeu menção honrosa no Prêmio Dramaturgia do festival
Niterói em Cena (2015). Integrou com um poema visual a exposição Miragens
em 2016. Fez oficinas literárias com Cairo Trindade, Sérgio Sant'Anna, Cláudia
Lage e Chacal. Participou do grupo performático Farani 53. Recebeu
prêmios em diversos concursos literários – entre eles o I Concurso Nacional de
Poesia da Revista Day by Night. Foi um dos organizadores do sarau POLEM e
colaborou com o jornal Bafafá Online.
Como ator, trabalhou nas peças Artista?
(2012), O Sapatinho Mágico (2013 a 2015), Gota D'Água (2014), O
Mercador de Veneza (2014), Ópera do Malandro (2014), e do audiodrama
Love Songs – Cacatua Hits (2013). Músico, colaborou com a webrádio Poesia
Mix (www.poesiamix.com) foi guitarrista da banda Casa de Versos e
participou da trilha sonora dos esquetes Amor sob Máscaras e A Viúva
do Vilarejo, além das peças Homens de Papel e Hedda.
OS INVISÍVEIS
Não temos o desespero dos
marginais
nem a insensatez
da high society.
Não gostamos de nos
olhar no espelho.
Não temos os corpos sarados
das propagandas
e muito menos uma mente
brilhante.
Não somos campeões de
nada.
Nossas vitórias, quando
vêm,
não merecem sequer
aplausos
e nossas derrotas são tão
ridículas
que nem ao menos dariam
uma boa tragédia.
Não somos famosos, não somos
ilustres,
não vamos entrar para
os livros de História
nem para as páginas
policiais.
Vivemos sempre à
prestação
e quitamos nossa
existência sem deixar saldo algum.
Não temos Utopia. Não
faremos a Revolução.
Aliás, sequer desejamos
vê-la.
Não possuímos grandes
ambições,
mas temos
esperança.
Não porque acreditemos no
futuro,
mas porque o presente é
entediante demais.
Somos tolos sem nenhuma
fé,
em busca de um Deus
subornável.
Somos um bando de
infelizes
torcendo pro mocinho no
final da novela.
* *
*
SOBRE
O RIDÍCULO DOS RELÓGIOS
Por que aprisionar nossas
vidas
em correntes de meses,
semanas, dias,
submetendo nossa
existência
à ditadura das
horas?
Por que nos deixarmos
levar
pelas voltas deste pião
desvairado
que chamamos
Terra?
Seria tão mais fácil
esquecer os anos
e dividir nossa
passagem por este mundo
em instantes de
alegria,
momentos de
emoção,
ou vivências
inesquecíveis.
A Humanidade se entenderia
melhor.
Quem me dera se eu
pudesse
olhar bem fundo nos
teus olhos
e dizer: “Tô com saudade.
Faz cinco sorrisos que não
te vejo.”
E então matássemos toda
saudade
contando o tempo em beijos.
* *
*
ATLÂNTIDA-CARNAVAL
Se um dia o Cristo sucumbir nas águas,
submergido por algum deus
perverso,
em rimas pobres eu afogo
as mágoas,
guardo no peito o
derradeiro verso.
Se o pôr-do-sol já não
for como antes
num horizonte sem
Arpoador,
aonde irão os poetas
amantes
buscar remédio para sua
dor?
Se alguma onda gigante,
invejosa,
calar os gritos do
Maracanã,
pra que sentir o perfume
da rosa,
pra que sorrisos, pra que
amanhã?
E numa bossa feita em
despedida
algum sambista triste irá
cantar:
“Não há mais poesia nesta
vida
se o Rio um dia não
voltar do mar
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