Em 15 de setembro de 1928 nasceu ZILA MAMEDE, em Nova Palmeira (PB).
Em 1949, escreveu seu primeiro poema, enquanto viajava de João Pessoa
para Natal, onde a família passou a residir no início da década de 1940. Entre
1951 e 1953, publicou alguns poemas em jornais da capital e de outros estados,
que foram reunidos no livro Álbum de
Recortes, ainda inédito.
Em 1952 passa a assinar uma coluna, “Revista da Cidade”,
no jornal Tribuna do Norte, com o
pseudônimo Maiana. O primeiro livro, Rosa
de Pedra, foi publicado em 1953, com estímulo do poeta Manuel Bandeira.
Segue publicando em jornais de Natal e de Pernambuco.
Bibliotecária, participa do 1º Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia, em Recife, em 1954. No mesmo ano, vence o Concurso Permanente
do Jornal de Letras, do Rio de Janeiro, com o poema “Noturno do Recife”. Ingressa,
em 1955, no curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e
passa a exercer o cargo de auxiliar da biblioteca do Conselho Nacional de
Pesquisa (CNPq).
Seus poemas continuam sendo publicados em jornais do Rio
de Janeiro, do Recife e do Rio Grande do Norte. Em 1956, recebe menção honrosa
no Concurso Feminino de Poesias do jornal Gazeta
de São Paulo, com o livro Salinas,
então inédito. Em 1957, já concluído o curso de biblioteconomia, ingressa na
Faculdade de Direito de Natal.
Trabalha como redatora do Diário de Natal e, em junho de 1957, é enviada à Europa para a
cobertura do I Congresso Mundial dos Dirigentes da Juventude Operária Católica
(JOC) – durante cinco meses, circula pela Espanha, por Portugal, França,
Itália, Holanda e Bélgica; na volta, publica uma série de reportagens da viagem
no jornal O Globo, e registra-se como
jornalista profissional na Associação Norte-Riograndense de Imprensa.
Seus poemas passam a ser publicados na revista da
Academia Brasileira de Letras (ABL), inicialmente por intermédio de Manuel
Bandeira. Em 1958, publica Salinas,
que é acolhido pelo poeta Carlos Drummond de Andrade, que também elogia o
terceiro livro, O Arado, editado em
1959.
Em 1960, entre várias ações culturais no Rio Grande do
Norte, é nomeada membro do Conselho Estadual de Cultura do Estado. No ano
seguinte afasta-se da Diretoria de Documentação e Cultura da Prefeitura de
Natal e viaja aos Estados Unidos como bolsista do governo estadunidense – lá permanece
por um ano cumprindo o Programa G-180, do Latin American Consultant, na
Syracuse University Library.
Torna-se instrutora-bolsista da Universidade de Brasília
(UnB), a disciplina Bibliografia, no curso de mestrado em Biblioteconomia da
instituição. Dá início à pesquisa bibliográfica para sua dissertação sobre Luís
da Câmara Cascudo; dos estudos, organizou o Catálogo de Obras do século XVI a XVII,
pertencentes à UnB.
Em 1966, publica Xico
Santeiro, com Veríssimo de Melo, traduz e publica “Índice em Cadeia”, de J.
Mills, e participa do I e do II Encontro de Tecnólogos do Nordeste. Dois anos
depois, entra em contato com o poeta João Cabral de Melo Neto, em Recife, e é
nomeada membro da Comissão Julgadora do Prêmio Luís da Câmara Cascudo, da
Fundação José Augusto (RN).
Em 1970 publica Luís
da Câmara Cascudo: 50 anos de vida intelectual, 1918-1968, em dois volumes.
Mantém-se envolvida com os conselhos de biblioteconomia e a participar de
congressos. Organiza o Catálogo de
Autores Norte-riograndenses: 1969-1972. Em maio de 1973 participa do
Seminário Estadual do Livro, em Porto Alegre (RS).
Publica, em 1975, o livro Exercício da Palavra: poesia 1959-1975, e, em 1976, dá início a um
caderno de anotações sobre a bibliografia de João Cabral de Melo Neto, sobre
quem irá aprofundar pesquisa como bolsista da CNPq. Em 1978, publica Navegos: poesia reunida 1953-1978 –
reunião dos seus cinco livros – que foi autografado inicialmente em Brasília. No
ano seguinte, além de proferir palestras no Centro de Estudos Latino-Americanos
da Tulane University, em New Orleans (EUA), passa a escrever resenhas para o Jornal do Brasil (RJ).
Em outubro de 1982 recebe o Prêmio Fernando Chinaglia, da
União Basileira de Escritores (UBE), e a partir daí começa a organizar
exposições bibliográficas e fotográficas. Publica A herança, em 1984, e, em 13 de dezembro de 1985, afoga-se na praia
do Forte. Hoje, a biblioteca central da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte tem o seu nome.
* *
*
ARADO
Arado cultivadeira
rompe veios, morde chão
Ai uns olhos afiados
rasgando meu coração.
Arado dentes enxadas
lavancando capoeiras
Mil prometimentos, juras
faladas, reverdadeiras?
Arado ara picoteira
sega relha amanhamento,
me desata desse amor
ternura torturamento.
* *
*
A
PONTE
Salto
esculpido
sobre
o vão
do
espaço
de
pedra e de aço
onde
não
permaneço
- p
a s s o.
* *
*
ONDE
Entre
a ânsia
e
a distância
onde
me ocultar?
Entre
o medo
e
o multiapego
onde
me atirar?
Entre
a querência
e
a clarausência
onde
me morrer?
Entre
a razão
e
tal paixão
onde
me cumprir?
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