ANTONIO
FERNANDO DE FRANCESCHI nasceu em 27 de novembro de 1942, em
Pirassununga (SP). Poeta, editor, redator e ensaísta, integrou a chamada
“geração dos novíssimos”, ao lado de Claudio Willer e Roberto Piva. Publicou Tarde revelada em 1985, pelo qual
recebeu o Prêmio Jabuti Autor Revelação – Literatura Adulta. Em 1987, com Caminho das águas, o segundo livro,
recebeu o Troféu APCA e novamente o Jabuti (1988), e Sal, de 1989, o Prêmio Cassiano Ricardo, do Clube de Poesia de São
Paulo em 1990.
Publicou, ainda, Fractais
(1990), A olho nu (1993), Cinco formas clássicas (2002) e Sete suítes (2010). Em 2000 foi
entrevistado no documentário Uma outra
cidade, do diretor Ugo Giorgetti, sobre os poetas da Geração 60 em São
Paulo, e está presente nos livros Antologia
poética da Geração 60, organizada por Álvaro Alves de Farias e Carlos
Felipe Moisés (2000), Os dentes da
memória – Piva, Willer, Franceschi, Bicelli e uma trajetória paulista de poesia,
de Camila Hungria e Renata D’Elia (2011) e Boa
companhia: haicais, coletânea organizada por Rodolfo Witzig Guttilla
(2009).
Foi editor e diretor de redação da revista IstoÉ (1980-1984) e diretor do Museu de
Arte de São Paulo (1993-1994), editor da revista Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Sales
(IMS), no qual desenvolveu atividades administrativas e editoriais a partir da
década de 1990, entre tantas outras instituições culturais.
Estudou filosofia e economia e escreveu crítica literária
e artigos sobre artes plásticas para diversos veículos.
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SAL
se o ralo verso
tem halo
é um universo
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olho no olho eu encaro
com a emoção já contida
e o que vejo me diz:
em meio passada a vida
todo balanço é contrário
mas que culpa tem a tarde
de uma manhã infeliz?
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ALGO
há algo feito e acabado
que desmente a teoria
algo livre das aduanas
que flota justo e medido
no lírio das cumeeiras
algo subtraído das ganas
que se preserva intocado
algo entre as unhas
pelo tecido lunar
que te desconcerta e redime
algo certo algo errado
como inteiro domicílio
uns restos no copo
e a ressaca que volta
algo que é também soberba
e te ilumina
algo que não pode ser
recuperado
por simples razão
teus mitos
como um quarto fechado
algo vertido na lâmina
que por descuido a corrói
algo sem gume nem corte
mas cujo toque te dói
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