JOSÉ WEIS nascido no dia 3 de
novembro de 1958, em Porto Alegre (RS). publicou o primeiro livro, Lenhador de samambaias, em 2012. Os poemas aqui
transcritos fazem parte da Antologia
do Sul, de 2001, e da Coletânea
de poesia gaúcha contemporânea, ambas organizadas por Dilan Camargo em
2013.
É jornalista – foi colaborador do jornal Extraclasse – e participou, nos anos 90, do grupo Vício e Verso, ao lado de Celso Gutfreind e José Antônio Silva.
* *
*
EPIGRAMA
Enquanto pôde,
a neblina o encobriu
até que o sol o atingiu
Ferido de morte,
o inverno agonizava
e ninguém sabia
Quem abriu o bico
foi aquele sabiá.
* *
*
AFERRADO
Casco escuro, proa alta
o menino, ao lado do pai,
ia ver navios ancorados no
cais
Lá está um agora,
da janela do escritório
é possível enxergá-lo
quase por inteiro
Um navio tem soberba
serenidade
desperta invejas
em breve, singrará outra vez
Ele não navega,
é um Ulisses sem Penélope
para quem voltar
Contenta-se em
ver de longe o navio
volta ao trabalho
e constata que
o café já está frio.
* *
*
OS
INSENSÍVEIS
Ai de nós todos, devotos do
olvido
Esquecemos de lembrar
Uma amnésia do tamanho da
cidade
Um milhão e meio de almas,
todas sem a menor memória
Às vezes, recorremos à
História
como se pudéssemos apanhar
e guardar um pedaço do tempo
(E 1968 não foi isso tudo!)
Tudo muda, nada muda
Aquilo que um dia chamamos
de estafa,
hoje é o estresse, stress
Há alguma coisa de sinistro
ou sibilante em tudo nisso.
Comentários
Postar um comentário