O poeta ESCOBAR NOGUEIRA nasceu no dia 1º de novembro de 1971, em Fortaleza dos Valos (RS). Publicou em 2020, Rapaz com cicatriz; antes dele, entre outros vieram Borges vai ao cinema com Maria Kodama (2015), Curta-Metragem (2006), Arame Farpado (1999), O casulo da solidão (1990) e Gotas de Amor (1989), em edição do autor.

Meu primeiro milagre, de 1994, recebeu o Prêmio Instituto Internacional de Poesia e o autor teve duas indicações para o Prêmio Açorianos de Literatura, com Pejuçara (2009) e Milongol (2003)

É, também, professor de literatura em cursos de pré-vestibular, hoje em Santa Maria.


* * *



BUGRINHA


         Para Lisiane


É em ti que penso,

quando leio o romance

do Érico Veríssimo.

Tu és Ana Terra

e eu sou um mestiço

que, num dia de vento,

na tua aldeia apeou ferido.


É em ti que penso, bugrinha,

quando em meu poema

pincelo o entardecer,

pois é em tua pele

que o dia e a noite

travam combate.


É em ti que penso, bugrinha,

quando a caminho da fronteira

passo por Santiago do Boqueirão.

É em ti, musa missioneira,

que o poeta pensa décor

para compor o refrão.


É em ti que penso,

quando penso,

bugrinha.


É em ti

que penso

em mim.


* * *


AUTOMEDICAÇÃO


O poeta é um doutor

sabe tanto do doente

que parece dele a dor

que é deveras do paciente


E os que leem a receita

na frase escrita não veem

não sabem que a torta letra

de uma mão torta vem


Assim o caso piora

vira enfermo o que era são

a cura um mal se torna

o poema prescrição


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