Natural de São João do Meriti (RJ), a poeta MARIANA BELIZE nasceu em 31 de julho de
1990. Publicou, recentemente, o livro Nada
a fazer.
Criou e escreve resenhas críticas no Projeto Literário
Olho de Belize (desde 2015), e divulga seu trabalho na página Galpões de Sonho,
no Facebook.
É mestranda em Literatura Brasileira – Letras Vernáculas,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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GALÁXIAS
junto poeira dos enigmas
alheios.
tudo que faço tem o mesmo
tom.
pra quê escrever, se de
silêncio
é feita a seiva que alimenta
a vida
é o silêncio:
retine o vidro e quebra o
verso
fechando a glote.
como pode este céu
ser tão
breu
* *
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Cavo
pouco a pouco
um buraco no quintal
para enfiar dentro dele
a mulher desiludida.
* * *
quilates
tradição e linhagem
um de nome outra de sangue
alheio
no combate que não estive
lava a honra no sangue e na
espada
fracamente a luz balança
na casa onde a mãe e a
menina
se mantém cativas
honra e glória para a
posteridade
do homem que primeiro
assinou
um papel de seu desejo
a propriedade
quem dera voltar no tempo
e resgatar minhas delicadezas
impossivelmente real
como a padaria do outro lado
da rua fechada
sem tabuleta na porta
sem ninguém que venda o pão
sem alguém que olhe aqui pra
mim
neste quarto
e me faça erguer os braços
agradecendo por estar
viva
nada disso
que mulher só fica
vai ficando
permanecendo
cada vez mais quieta
sem deixar rastros
nem palavras
catando etiquetas
poeiras e as palavras
já vai esquecendo
permanece propriedade
de outro.
descansa, amor, dessa
aflição
minha querida
se retira desse mundo de
letras
isso te dá rugas, você não
vê?
está mais velha a cada dia.
amputa teu braço que escreve
e segue a vida
a rotina minha que você
mantém
limpa a casa guarda meus
vintém
casamento instituição
sagrada de deus pátria família propriedade
os livros esses entulhos
você ama mais a eles do que
a mim?
não te amo mais.
então essa é a frase que
mata
as mulheres?
te amo
quero ficar no teu corpo
feito tatuagem
sinto ciúmes dos teus
versos
Eu te amo
mas preciso que você olhe
ouça
entenda
compreenda
apreenda
escute
de
vez
necessito que você desista.
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