Considerado o líder
do movimento parnasiano no Brasil, ALBERTO
DE OLIVEIRA nasceu em 28 de abril de 1857, em Palmital de Saquarema, no Rio
de Janeiro. O “artífice dos versos” chegou a cursar Medicina – foi colega de Olavo
Bilac (1865-1918) –, porém formou-se em Farmácia, e, durante anos, exerceu
cargos públicos voltados à educação. Também conhecido como “Príncipe dos Poetas”
(sucedeu o amigo Bilac no concurso realizado pela revista Fon-Fon, em 1924), fez sua estreia com o livro Canções Românticas (1878), com poesias ainda ligadas ao cânone
romântico.
Em Meridionais (1884), Oliveira irá se
confirmar como o ponto alto do parnasianismo mais ortodoxo: o objetivismo, o
culto da forma, o olhar sobre a natureza (com identificação animista,
significativo como tema), a linguagem castiça e a versificação rica – traços que
serão confirmados nos livros posteriores: Sonetos
e Poemas (1885), Versos e Rimas
(1895) e na série Poesias (entre 1900 e 1928).
Reconhecido cultor do
soneto em língua portuguesa, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de
Letras (ABL), instituição para a qual doou sua biblioteca, uma das “mais valiosas
de clássicos brasileiros e portugueses”, segundo a própria ABL.
Antônio Mariano
Alberto de Oliveira morreu em 19 de janeiro de 1937, em Niterói (RJ), e, em
1944, foi publicada a obra Póstuma.
* * * * *
VASO GREGO
Esta
de áureos relevos, trabalhada
De
divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já
de aos deuses servir como cansada,
Vinda
do Olimpo, a um novo deus servia.
Era
o poeta de Teos que a suspendia
Então,
e, ora repleta, ora esvazada,
A
taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda
de roxas pétalas colmada.
Depois...
Mas o lavor da taça admira,
Toca-a,
e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas
hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota
voz, qual se da antiga lira
Fosse
a encantada música das cordas,
Qual
se essa voz de Anacreonte fosse.
* * * * *
A JANELA E O SOL
“Deixa-me
entrar, – dizia o sol – suspende
A
cortina, soabre-te! Preciso
O
íris trêmulo ver que o sonho acende
Em
seu sereno virginal sorriso.
Dá-me
uma fresta só do paraíso
Vedado,
se o ser nele inteiro ofende...
E
eu, como o eunuco, estúpido, indeciso,
Ver-lhe-ei
o rosto que na sombra esplende.”
E,
fechando-se mais, zelosa e firme,
Respondia
a janela: “Tem-te, ousado!
Não
te deixo passar! Eu, néscia, abrir-me!
E
esta que dorme, sol, que não diria
Ao
ver-te o olhar por trás do cortinado,
E ao
ver-se a um tempo desnudada e fria?!”
* * * * *
SONETO
Agora
é tarde para novo rumo
Dar
ao sequioso espírito; outra via
Não
terei de mostrar-lhe e à fantasia
Além
desta em que peno e me consumo.
Aí,
de sol nascente a sol a prumo,
Deste
ao declínio e ao desmaiar do dia,
Tenho
ido empós do ideal que me alumia,
A
lidar com o que é vão, é sonho, é fumo.
Aí
me hei de ficar até cansado
Cair,
inda abençoando o doce e amigo
Instrumento
em que canto e a alma me encerra;
Abençoando-o
por sempre andar comigo
E
bem ou mal, aos versos me haver dado
Um
raio do esplendor de minha terra.
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