EVA DA MOTTA TAVARES nasceu em 9 de julho de 1955 em Caxias do Sul. Na cidade serrana desenvolveu seu trabalho em poesia e teatro, além de ter exercido funções administrativas, como diretora da Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima entre 1989 e 1991 e coordenadora do Departamento Municipal de Arte e Cultura. Integrante de diversas academias e associações culturais, publicou diversos livros de poemas ao lado de Marcondes Tavares, poeta natural de Pinheiro Machado, com quem é casada e com quem dividiu, também, a produção, encenação e direção de oito peças de teatro, principalmente na década de 1980.

Por suas atividades culturais, recebeu prêmios e distinções, como ser Destaque Mulher Cultura de Caxias do Sul em 1985, com a montagem de A realidade de mais um Zé. Publicou, entre outros, Delitos & Relatos para celebrar os 10 anos da companhia cultural Mistura e Bocas Produções, ainda em 1991.

Com Marcondes, organizou os quatro volumes da Antologia Caxiense de Poetas (entre 1988 e 1989) e foi atuante no Movimento Alternativo Brasileiro. Membro titular da cadeira número 6 da Academia Caxiense de Letras (ACL), também integra o Centro Cultural Literário e Artístico da Gazeta de Felgueira (Portugal) e a Academia Goianense de Letras (Goiás, BR).

* * *

 

Fotos: acervo da autora

POESIA

 

A poesia ultrapassa

a aura da realidade

explorando o estado

de alerta da consciência

brejeira elevando a

espiritualidade além

da lucidez de um

corpo errante

aflorando o novo

da magia da criação.

 

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VIDA

 

Sou o nada e do nada

despertei para o mundo...

Chorei... Minha lágrima

transformou-se em diamante,

arma poderosa, na destruição

ativando a secreção da carne

em decadência, alimentando

a vertente da sobrevivência...

Sorri... A minha felicidade

em pontas de faca rilha

com o sol. Renasce a

vontade de expandir para

o conforto dos que sofrem...

Transforma em pão as pedras

do caminho para saciar a

fome do mundo, como num milagre...

Abrir os braços e fazer escorrer

água cristalina para os corpos

secos, carente de amor...

 

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TRISTE DESFECHO

 

Venceu o prazo...

e a fome surge das trincheiras

e disputa corrida com a miséria,

enquanto os banquetes imperam

dando inveja aos estômagos do povo...

o combate continua...

entre a ira e a paz e os

perdedores somos nós...

aliados seguem de mãos dadas

fabricando mais um delinqüente...

O gatilho dispara, deixando expostos

os sentimentos da humanidade...

 

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