O poeta LUIZ CORONEL nasceu em 16 de julho de
1938, em Bagé (RS). Cidadão emérito de Porto Alegre e de Piratini, município na
região sul do Estado, é também professor, formado em direito, compositor e
publicitário. Seu primeiro livro, Mundaréu, é 1973 – hoje, já soma mais de 70
títulos, traduzidos para o inglês e o alemão, além de diversos prêmios, no Brasil,
na Espanha e no México. Em 2012, foi patrono da 52ª Feira do Livro de Porto
Alegre.
Como compositor, tem como parceiros Geraldo
Flach, Jerônimo Jardim, Sergio Rojas e Zé Caradípia, entre outros. Várias composições suas foram premiadas em
festivais do Rio Grande do Sul, como a Califórnia da Canção Nativa, de
Uruguaiana, e teve participação no Festival MPB Shell, em 1981, com a música “Estamos
aí”.
* * *
A PAIXÃO
A
paixão é um incêndio
na
fábrica de fogos de artifício.
A
paixão é um balé
à
beira do precipício.
Quando
a paixão termina
o
mito se quebra.
E
resta a sensação de uma viagem
contra
uma chuva de pedra.
* * *
ENSAIO
DAS ARTES
É
sempre esse louco impulso
vertente
que não estanca.
No
escuro das cavernas,
as
mãos impressas com sangue.
Por
que criar outro mundo
se a
realidade está pronta?
Frágil
fagulha dos deuses,
alma
insaciável e tonta.
E
que venham os cantores,
murmuram
as águas na foz.
Ai,
quanta denúncia e sonho
na
vibração de uma voz.
Operários
escultores,
com
a magia dos monges
Sabem
o suspiro das pedras,
tecem
véus de ferro e bronze.
Ó
poetas sonâmbulos,
garimpeiros
de dura lavra.
Buscam
versos cintilantes
no
áspero chão das palavras.
Movidos
por mãos de brisa
os
bailarinos esbeltos.
Ah,
quantos afagos e fúrias
na
paixão de cada gesto.
O
cotidiano cinzento
explode
em cores lá fora.
No
chafariz os pintores
lavam
o rosto da aurora.
São
múltiplas máscaras,
almas
loucas e fugaces.
Os
mímicos e atores
são
anjos de sete faces.
No
coração dos artistas
a
vida fere mais fundo.
Todo
palco é um espelho
onde
se reflete o mundo.
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